Revista do Instituto Florestal https://rif.emnuvens.com.br/revista <p>resumo</p> Instituto de Pesquisas Ambientais pt-BR Revista do Instituto Florestal 0103-2674 PARQUE LINEAR NOVE DE JULHO: DUAS DÉCADAS DE PESQUISA E CIÊNCIA CIDADÃ REVELAM A IMPORTÂNCIA DE UMA ÁREA VERDE URBANA PARA AS AVES DE VÁRZEA NO SUDESTE DO BRASIL https://rif.emnuvens.com.br/revista/article/view/959 <p>O estado e o município de São Paulo estão entre as regiões mais estudadas ornitologicamente do Brasil e parte dessas informações foram produzidas nos séculos XIX e XX nas várzeas da cidade de São Paulo. Esses estudos retornaram a partir da década de 1980 e são de extrema relevância, pois o crescimento urbano levou muitas espécies a possíveis extinções regionais. Nesse contexto, destaca-se o Parque Linear Nove de Julho (PLNJ), uma área verde municipal localizada na represa do Guarapiranga, sul da cidade de São Paulo. Foram produzidos, resgatados, organizados e analisados dados de pesquisas científicas e de ciência cidadã de um período de 24 anos. O PLNJ possui 261 espécies de aves, incluindo 14 endêmicas da Mata Atlântica, oito ameaçadas de extinção e 30 migratórias, das quais 18 são provenientes do Hemisfério Norte. Mesmo com um elevado número de aves que utilizam ambiente florestal, incluindo visitantes de inverno e aves de passagem, o PLNJ se destaca pelas espécies de ambientes úmidos e campestres de várzea, sendo uma das principais áreas de parada e descanso de aves migratórias neárticas da Região Metropolitana de São Paulo. O seu potencial para conservação e observação de aves é elevado e demanda a sua efetivação como parque urbano, incluindo o equacionamento de seus conflitos, investimentos em infraestrutura, demarcação territorial e efetivação de seu Plano de Gestão e deve considerar as fragilidades de uma área inundável e de elevada riqueza e abundância de espécies para o seu contexto urbano.</p> Fabio Schunck Marcos Antônio Melo Vinicius de Souza Almeida Peter Mix Copyright (c) 2025 Revista do Instituto Florestal https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-03-06 2025-03-06 37 1 34 10.24278/rif.2025.37e959 EFEITOS DAS PROPRIEDADES FÍSICAS E QUÍMICAS DO SOLO NA COMPOSIÇÃO MINERAL DE FRUTOS DE PEQUIZEIRO (Caryocar brasiliense Camb.) https://rif.emnuvens.com.br/revista/article/view/961 <p>Para que se possa iniciar o aproveitamento econômico racional das frutíferas nativas do Cerrado é necessário conhecer melhor suas características químicas bem como as interações com os ambientes nos quais vivem. O presente trabalho teve como objetivo determinar os efeitos de parâmetros físicos e químicos de três tipos de solo (Latossolo Vermelho, Neossolo Quartzarênico e Plintossolo) oriundos do município de Jataí (GO) na composição química da polpa de frutos de pequizeiro (<em>Caryocar brasiliense</em>). A coleta dos frutos foi realizada em pequizeiros em áreas selecionadas principalmente segundo os critérios menor ação antrópica possível, área com formação típica do cerrado e maior ocorrência da espécie frutífera estudada. Em cada uma das áreas escolhidas foram selecionadas quatro (Plintossolo) e oito (Latossolo e Neossolo) árvores, dispostas dentro de um quadrado imaginário com 30.000 m<sup>2</sup>, e coletados cinco frutos de cada árvore, de acordo com os pontos cardeais e o centro. As amostras de solo foram retiradas na área coberta pela copa das árvores. Apesar das diferenças entre os diferentes tipos de solo, os frutos coletados nos diferentes solos diferiram somente quanto aos níveis de lipídios, cobre e manganês, não sendo possível estabelecer correlação estatística entre os diferentes tipos de solo e a composição química dos frutos de pequizeiro. Provavelmente, devido a suas estratégias adaptativas e metabólicas, as plantas podem manter uma composição relativamente estável dos frutos, mesmo em diferentes condições edáficas.</p> Samuel Mariano-da-Silva Marcelo Barcelo Gomes Copyright (c) 2025 Revista do Instituto Florestal https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-03-31 2025-03-31 37 1 13 10.24278/rif.2025.37e961 FLORA VASCULAR DA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA BARRA DO UNA, PERUÍBE, SÃO PAULO, BRASIL https://rif.emnuvens.com.br/revista/article/view/958 <p>No Brasil, as restingas foram os primeiros ambientes a sofrer com a degradação ambiental no processo de colonização europeia, pois ao longo do litoral brasileiro foram instaladas as primeiras vilas no século XVI, assim como foi feita a exploração de recursos naturais, com destaque para o pau-brasil (<em>Paubrasilia echinata</em>), produto de exportação na época. Tais ocupações deram origem à maioria das cidades atualmente existentes na região costeira brasileira em detrimento das formações vegetais existentes, restinga e manguezal. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una - RDSBU é uma Unidade de Conservação do grupo de Desenvolvimento Sustentável, criada pela Lei nº 14.982/2013, que estabeleceu o Mosaico de Unidades de Conservação Jureia-Itatins. Na RDSBU foram catalogadas 304 espécies, distribuídas em 235 gêneros de 95 famílias, sendo as mais ricas Fabaceae com 26 espécies, Asteraceae (25), Poaceae (14), Myrtaceae (12), Lamiaceae e Rubiaceae (10 espécies cada), Arecaceae (nove espécies), Euphorbiaceae, Malpighiaceae e Orchidaceae (oito espécies cada), Cyperaceae (sete espécies), Bromeliaceae, Malvaceae, Melastomataceae e Rutaceae (seis espécies cada). Dentre estas, foram identificadas 65 espécies exóticas introduzidas, muitas cultivadas pela população tradicional residente. Sete espécies constam em listas oficiais de espécies ameaçadas de extinção, como o palmito (<em>Euterpe edulis</em>), o cedro-rosa (<em>Cedrela fissilis</em>) e a caixeta (<em>Tabebuia cassinoides</em>), esta última na categoria em perigo de extinção (EN) para São Paulo. Os resultados obtidos incrementaram e organizaram os dados oriundos de estudos esparsos até então realizados na Barra do Una.</p> Claudio de Moura Mara Angelina Galvão Magenta Talita Cristina Caetano Camargo Luana Lucena de Novaes João Aurélio Pastore Copyright (c) 2025 Revista do Instituto Florestal https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-04-27 2025-04-27 37 1 27 10.24278/rif.2025.37e958 RELATO SOBRE A RESILIÊNCIA DA MAXALALAGÁ, Micropygia schomburgkii (Schomburgk, 1848), NA REGIÃO METROPOLITANA DE SÃO PAULO, SP https://rif.emnuvens.com.br/revista/article/view/960 <p>A maxalalagá (<em>Micropygia schomburgkii</em>), um pequeno Rallidae com 14–15 cm, habita áreas abertas e campos do Cerrado. Apesar de classificada como “Pouco Preocupante” pela IUCN, é considerada criticamente ameaçada no estado de São Paulo devido à perda e fragmentação de habitats. Este estudo monitorou uma população de <em>M. schomburgkii</em> no Parque Estadual do Juquery (PEJY), após um incêndio significativo em 2021 que consumiu 53% da área do parque. Técnicas de playback foram utilizadas ao longo de trilhas para detectar os indivíduos. As amostragens ocorreram semestralmente de 2022 a 2024, totalizando 26 horas e 61,5 km percorridos. Nenhum indivíduo foi detectado na primeira amostragem, mas os esforços seguintes identificaram seis, sete e 37 indivíduos, incluindo aves solitárias e casais. Os resultados sugerem uma recuperação populacional apoiada pela resiliência da vegetação do Cerrado, apesar da ausência de um plano de manejo detalhado para o parque. Registros históricos indicam o desaparecimento da espécie na região metropolitana de São Paulo desde 1936, com redescoberta em 2018. As crescentes pressões antrópicas sobre o Cerrado provavelmente forçam <em>M. schomburgkii</em> a depender de fragmentos isolados, como o PEJY, reforçando a necessidade de um plano de manejo para proteger a biodiversidade e promover o ecoturismo sustentável. O estímulo à observação de aves e à ciência cidadã pode aumentar a documentação de espécies e apoiar esforços de conservação. Este estudo destaca a urgência de integrar o engajamento público com estratégias de conservação, especialmente para espécies localmente ameaçadas em habitats isolados.</p> Matheus Moraes dos Santos Copyright (c) 2025 Revista do Instituto Florestal https://creativecommons.org/licenses/by/4.0 2025-03-31 2025-03-31 37 1 8 10.24278/rif.2025.37e960