FLORÍSTICA E ESTRUTURA DA COMUNIDADE ARBÓREA DE UM REMANESCENTE FLORESTAL RIPÁRIO NO MUNICÍPIO DE GUARIBA, ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.24278/2178-5031.2009211194Palavras-chave:
fitossociologia, classes de tamanho, ecótono, floresta ripáriaResumo
O conhecimento sobre a composição e estrutura de comunidades florestais é fundamental para embasar ações de conservação e restauração. O objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento florístico e descrever a estrutura da comunidade arbórea de um remanescente florestal localizado no município de Guariba, Estado de São Paulo. Foram alocadas 30 parcelas de 10 x 10 m, para amostrar os indivíduos arbóreos e arbustivos com diâmetro à altura do peito (DAP) ≥ 5 cm. Foram encontradas 54 espécies, pertencentes a 47 gêneros, distribuídos em 32 famílias botânicas, com índice de diversidade (H’) de 2,67 e equabilidade (J) de 0,20. As famílias Meliaceae e Fabaceae apresentaram maior riqueza em espécies. Calophyllum brasiliensis, Astronium graveolens, Scheffera morototoni, Xylopia aromatica e Protium widgrenii destacaram-se como as espécies de maior valor de importância. Foram amostrados 420 indivíduos. A presença de espécies do cerrado sugere condição de ecótono e a dominância de uma espécie higrófila indica saturação hídrica em parte da área. A distribuição dos indivíduos em classes de tamanho revelou uma comunidade em regeneração com a maioria dos indivíduos com até 15,0 cm de DAP e distribuídos entre 7 e 14,9 m, e com estoques de jovens tanto das espécies pioneiras como secundárias podendo garantir o futuro da comunidade. Em termos sucessionais a área estudada encontra-se em estádio de médio para avançado.
Downloads
Referências
ALDER, D.; SYNOTT, T. J. Permanent sample plot techniques for mixed tropical forest. Oxford: Oxford Forestry Institute, University of Oxford, 1992. (Tropical Forestry Papers, n. 248).
ARAGAKI, S.; MANTOVANI, W. Caracterização do clima e da vegetação de remanescente florestal no planalto paulistano (SP). In: SIMPÓSIO DE ECOSSISTEMAS BRASILEIROS, 4., 1998, Águas de Lindóia. Anais… São Paulo: Academia de Ciências e Letras do Estado de São Paulo, 1998. p. 25-36. (Publicação ACIESP 87-II).
APG II. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society, London, v. 141, p. 399-439, 2003.
BARROS, F. et al. Caracterização geral da vegetação e listagem das espécies ocorrentes. In: MELO, M. M. R. F. et al. Flora Fanerogâmica da Ilha do Cardoso. São Paulo: Instituto de Botânica, 1991. v. 1.
BERG, E. van den; OLIVEIRA-FILHO, A. T. Composição florística e estrutura fitossociológica de uma floresta ripária em Itutinga, MG, e comparação com outras áreas. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 23, p. 231-253, 2000.
BERNACI, L. C.; LEITÃO FILHO, H. F. Flora fanerogâmica da floresta da Fazenda São Vicente, Campinas, SP. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 19, n. 2, p. 49-164, 1996.
BIERREGAARD Jr., R. O. et al. The biological dynamics of tropical rainforest fragments: a prospective comparison of fragments and continuous forest. BioScience, Washington, D.C., v. 42, n. 11, p. 858-866, 1992.
CARVALHO, D. A. de et al. Estrutura diamétrica e vertical de uma floresta ripária no Alto Rio Grande (Bom Sucesso − Estado de Minas Gerais). Revista Árvore, Viçosa−MG, v. 19, n. 4, p. 572-586, 1995.
CATHARINO, E. L. M. et al. Aspectos da composição e diversidade do componente arbóreo das florestas da Reserva Florestal do Morro Grande, Cotia, SP. Biota Neotropica, v. 6, n. 2, p. 1-12, 2006.
CAVASSAN, O. Levantamento fitossociológico da vegetação arbórea da mata da Reserva Estadual de Bauru, utilizando o método dos quadrantes. Bauru: Faculdade do Sagrado Coração, 1983. 81 p. (Cadernos de Divulgação Cultural, n. 4).
DURIGAN, G. et al. Estrutura e diversidade do componente arbóreo da floresta na Estação Ecológica dos Caetetus, Gália, SP. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 23, p. 369-381, 2000.
EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412 p.
FELDMAN, F. Como a recuperação de áreas degradadas pode influenciar nas mudanças climáticas e na biodiversidade. In: MANUAL para recuperação de áreas degradadas em matas ciliares do estado de São Paulo com ênfase no interior paulista. Mogi-Guaçu, 2006.
FONSECA, R. C. B.; RODRIGUES, R. R. Análise estrutural e aspectos do mosaico sucessional de uma floresta semidecídua em Botucatu, SP. Scientia Forestalis, Piracicaba, n. 57, p. 27-43, 2000.
FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Departamento de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro, 1992. 92 p. (Série Manuais Técnicos em Geociências, 1).
FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA; INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS - INPE. Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica e ecossistemas associados no período de 1995-2000. São Paulo, 2002. 70 p. (Relatório final).
______.; ______.; INSTITUTO SÓCIOAMBIENTAL. Atlas da evolução dos remanescentes florestais da Mata Atlântica e ecossistemas associados no período de 1990-1995. São Paulo, 1998.
GANDOLFI, S.; LEITÃO FILHO, H. F.; BEZERRA, C. L. F. Levantamento florístico e caráter sucessional das espécies arbustivos-arbóreas de uma floresta mesófila semidecídua no município de Guarulhos, SP. Revista Brasileira de Biologia, Rio de Janeiro, v. 55, n. 4, p. 753-767, 1995.
IVANAUSKAS, N. M.; RODRIGUES, R. R.; NAVE, A. G. Fitossociologia de um trecho de Floresta Estacional Semidecidual em Itatinga, São Paulo, Brasil. Scientia Forestalis, Piracicaba, n. 56, p. 83-99, 1999.
JOLY, C. A.; LEITÃO FILHO, H. F.; SILVA, S. M. O patrimônio florístico − The floristic heritage. In: CAMARA, I. G. (Coord.). Mata Atlântica − Atlantic Rain Forest. São Paulo: Index: Fundação S.O.S. Mata Atlântica, 1991. p. 62-89.
KRONKA, J. F. N. et al. Inventário florestal da vegetação natural do Estado de São Paulo. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente: Imprensa Oficial, 2005. 200 p.
LEITÃO FILHO, H. F. et al. Ecologia da Mata Atlântica em Cubatão (SP). São Paulo: UNESP: UNICAMP, 1993. 184 p
LIMA, W. P.; ZAKIA, M. J. B. Hidrologia de matas ciliares. In: RODRIGUES, R. R.; LEITÃO FILHO, H. F. (Org.). Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo: EDUSP: FAPESP, 2000. cap. 3, p. 33-44.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 352 p.
MAGURRAN, A. E. Ecological diversity and its measurement. London: Croom Helm, 1988. 179 p.
MARTINS, F. R. Estrutura de uma floresta mesófila. Campinas: UNICAMP, 1991. 246 p.
MEYER, H. A. Structure, growth, and drain in balanced uneven-aged forests. Journal of Forestry, Bethesda, v. 50, n. 50, p. 85-92, 1952.
MORI, S. A. et al. Ecological importance of Myrtaceae in an eastern Brazilian wet forest. Biotropica, Lawrence, v. 15, p. 68-70, 1983.
MUELLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and methods of vegetation ecology. New York: John Wiley & Sons, 1974. 547 p.
OLIVER, C. D.; LARSON, B. C. Forest stand dynamics. New York: John Wiley & Sons, 1996. 519 p.
PAGANO, S. N.; LEITÃO FILHO, H. F.; CAVASSAN, O. Variação temporal da composição florística e estrutura fitossociológica de uma floresta mesófila semidecídua −Rio Claro − Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 55, n. 2, p. 241-258, 1995.
PEREIRA-SILVA, E. F. L. et al. Florística e fitossociologia dos estratos arbustivo e arbóreo de um remanescente de cerradão em uma unidade de conservação do Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 27, n. 3, p. 533-544, 2004.
PEIXOTO, A. L.; GENTRY, A. Diversidade e composição florística da mata de tabuleiro na Reserva Florestal de Linhares (Espírito Santo, Brasil). Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 13, p. 19-25, 1990
PIELOU, E. C. Ecological diversity. New York: John Wiley & Sons, 1975. 165 p.
RIZZINI, C. T. Tratado de fitogeografia do Brasil: aspectos sociológicos e florísticos. São Paulo: EDUSP: HUCITEC, 1979. 374 p.
RODRIGUES, R. R. Análise de um remanescente de vegetação natural às margens do rio Passa Cinco, Ipeúna, SP. 1992. 325 f. Tese (Doutorado em Biologia) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
______. A vegetação de Piracicaba e municípios do entorno. Piracicaba: IPEF, 1999. 17 p. (Circular Técnica IPEF, n. 189).
______.; GANDOLFFI, S. Conceitos, tendências e ações para a recuperação de florestas ciliares. In: RODRIGUES, R. R.; LEITÃO FILHO, H. F. (Org.). Matas ciliares: conservação e recuperação. São Paulo: EDUSP: FAPESP, 2000. cap. 4, p. 45-71.
ROMARIZ, D. de A. Aspectos da vegetação do Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 1974. 60 p.
SALIS, S. M.; TAMASHIRO, J. Y.; JOLY, C. A. Florística e fitossociologia do estrato arbóreo de um remanescente de mata ciliar do rio Jacaré Pepira, Brotas, SP. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 17, p. 93-103, 1994.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Resolução SMA - 21, de 21-11-2001. Fixa orientação para o reflorestamento heterogêneo de áreas degradadas e dá providências correlatas. Diário Oficial do Estado de São Paulo, São Paulo, v. 111, n. 221, 23 nov. 2001.
______. Secretaria do Meio Ambiente. Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo. Recuperação florestal: da muda à floresta. São Paulo: SMA, 2004. 112 p.
SCHAAF, L. B. et al. Alteração na estrutura diamétrica de uma floresta ombrófila mista no período entre 1979 e 2000. Revista Árvore, Viçosa−MG, v. 30, n. 2, p. 283-295, 2006.
SCOLFORO, J. R. Biometria florestal: modelos de regressão linear e não linear. Lavras: UFLA: FAEPE, 2005. pt. 1, 352 p
SILVA, A. F. Composição florística e estrutura fitossociológica do estrato arbóreo da Reserva Florestal Professor Augusto Ruschi, São José dos Campos, SP. 1989. 163 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas) - Instituto de Biociências, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
SILVA, A. F.; FONTES, N. R. L.; LEITÃO FILHO, H. F. Composição florística e estrutura horizontal do estrato arbóreo de um trecho da Mata da Biologia da Universidade Federal de Viçosa. Revista Árvore, Viçosa−MG, v. 24, n. 4, p. 397-406, 2000.
SPIEGEL, M. R. Estatística. São Paulo: McGraw Hill do Brasil, 1976. 580 p.
TABANEZ, A. A. J.; VIANA, V. M.; DIAS, A. da S. Conseqüências da fragmentação e do efeito de borda sobre a estrutura, diversidade e sustentabilidade de um fragmento de floresta de planalto de Piracicaba, SP. Revista Brasileira de Biologia, Rio de Janeiro, v. 57, n. 1, p. 47-60, 1997.
TABARELLI, M.; MANTOVANI, W. Colonização de clareiras naturais na floresta atlântica no Sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 57-66, 1997.
THOMAS, W. W. Plant endemism in two forests in southern Bahia, Brazil. Biodiversity and Conservation, Dordrecht, v. 7, p. 311-322, 1998.
TONIATO, M. T. Z.; LEITÃO-FILHO, H. F.; RODRIGUES, R. R. Fitossociologia de um remanescente de floresta higrófila (mata de brejo) em Campinas, SP. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 21, p. 197-210, 1998.
VELOSO, H. P.; RANGEL-FILHO, A. L. R.; LIMA, J. C. A. Classificação da vegetação brasileira adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE, 1991. 123 p