CARACTERIZAÇÃO FLORÍSTICA DA VEGETAÇÃO SOBRE AFLORAMENTO ROCHOSO NA ESTAÇÃO EXPERIMENTAL DE ITAPEVA, SP, E COMPARAÇÃO COM ÁREAS DE CAMPOS RUPESTRES E DE ALTITUDE
DOI:
https://doi.org/10.24278/2178-5031.2011231287Palavras-chave:
Campo Rupestre, Campo de Altitude, Cerrado, Floresta Atlântica, Itapeva, Páramos BrasileirosResumo
A classificação de comunidades vegetais nem sempre é tarefa fácil, principalmente quando se trata de tipos de vegetação pouco estudados. Esse é o caso da vegetação sobre afloramento rochoso da Estação Experimental de Itapeva – EEI, situada no sudoeste do Estado de São Paulo, região que abriga remanescentes de Cerrado e Mata Atlântica. Visando caracterizar e classificar essa vegetação, foram realizadas coletas mensais de material botânico no período de agosto de 2008 a fevereiro de 2010. A lista de espécies obtida foi comparada com a de campos rupestres e de altitude brasileiros. As comparações foram realizadas por meio de análise de agrupamento, “TWINSPAN” e “NMS”. Foram encontradas 135 espécies, 48 famílias e 108 gêneros. As famílias mais representativas foram Fabaceae, Asteraceae, Bignoniaceae, Myrtaceae, Melastomataceae, Poaceae, Apocynaceae, Sapindaceae e Orchidaceae. A análise de agrupamento com os dados de distribuição de riqueza entre famílias sugeriu maior afinidade florística entre o afloramento rochoso estudado e os campos rupestres. Para os dados de composição de espécies, os diferentes métodos de ligação agruparam a área de estudo ora com campos de altitude ora com campos rupestres. A “NMS” evidenciou o caráter contínuo da variação florística, mas reiterou a maior similaridade entre a área de estudo e os campos rupestres. A “TWINSPAN” reforçou essa hipótese e apontou a família Fabaceae e as espécies Miconia albicans (Sw.) Steud. e Periandra mediterranea (Vell.) Taub como indicadoras de campos rupestres. O tipo de solo, formado a partir de rochas areníticas, constitui o fator determinante mais plausível para as relações florísticas encontradas.
Downloads
Referências
APG II. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG II. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 141, p. 399-439, 2003.
AB’SABER, A.N. Os domínios da natureza do Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. 159 p.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Instrução Normativa nº 06, de 26 de setembro de 2008. Disponível em: . Acesso em: 26 ago. 2010.
CAIAFA, A.N.; SILVA, A.F. Composição florística e espectro biológico de um campo de altitude no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Minas Gerais – Brasil. Rodriguésia, v. 56, n. 87, p. 163-173, 2005.
CAIN, S.A.; CASTRO, G.M.O. Manual of vegetation analysis. New York: Harper & Brothers, 1959. 325 p.
CAVALCANTI, R.R. (Org.). Recomendações gerais. In: BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade do Cerrado e Pantanal: áreas e ações prioritárias para conservação. Brasília, DF: MMA, 2007. p. 393-397.
CONCEIÇÃO, A.A.; GIULIETTI, A.M. Composição florística e aspectos estruturais de campo rupestre em dois platôs do Morro do Pai Inácio, Chapada Diamantina, Bahia, Brasil. Hoehnea, v. 29, n. 1, p 37-48, 2002.
EITEN G. A vegetação do Estado de São Paulo. Boletim do Instituto de Botânica, v. 7, p. 1-147, 1970.
FERREIRA, F.M.; FORZZA, R.C. Florística e caracterização da vegetação da Toca dos Urubus, Baependi, Minas Gerais, Brasil. Biota Neotropica, v. 9, n. 4, 2009. Disponível em: . Acesso em: 25 jun. 2010
FILGUEIRAS, T.S. Echinolaena. In: Lista de espécies da flora do Brasil Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em . Acesso em: 8 fev. 2011.
FORZZA, R.C. et al. Introdução. In: Lista de espécies da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2010.
FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS. Lista da flora brasileira ameaçada de extinção. 2005. Disponível em: . Acesso em: 26 ago. 2010.
GARCIA, R.J.F.; PIRANI, J.R. Revisão sobre o diagnóstico e caracterização da vegetação campestre junto à crista de serras, no Parque Estadual da Serra do Mar, São Paulo, SP, Brasil. Hoehnea, v. 30, n. 3, p. 217-241, 2003.
______. Análise florística, ecológica e fitogeográfica do Núcleo Curucutu, Parque Estadual da Serra do Mar (São Paulo, SP), com ênfase nos campos junto à crista da Serra do Mar. Hoehnea, v.32, n. 1, p. 1-48, 2005.
HARLEY, R.M. Introduction. In: STANNARD, B.L.; HARVEY, Y.B.; HARLEY, R.M. Flora of the Pico das Almas, Chapada Diamantina – Bahia. Kew: Royal Botanic Gardens, 1995. p. 1-42. INTERNATIONAL PLANT NAMES INDEX – IPNI. Disponível em: . Acesso em: 20 abr. 2010.
INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO – IPT. Estudos do meio físico para implantação de Distritos Agrícolas Irrigados na zona rural do município de Itapeva, SP. São Paulo, 2001. 70 p. (Relatório Técnico 50725).
KRONKA, F.J.N. et al. Inventário florestal da vegetação natural do Estado de São Paulo. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente,; Instituto Florestal: Imprensa Oficial, 2005. 200 p.
LEGENDRE, P.; LEGENDRE, L. Numerical ecology. New York: Elsevier Science B.V., 1998. 853 p.
LEITÃO-FILHO, H.F. Aspectos taxonômicos das florestas do estado de São Paulo. Silvic. S. Paulo, v. 16, p. 197-206, 1982.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. 5. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. 384 p.
MAMEDE, M.C.H.; CORDEIRO, I.; ROSSI, L. Flora vascular da Serra da Juréia, município de Iguape, São Paulo, Brasil. Boletim do Instituto de Botânica, v. 15, p. 63-124, 2001.
MAMEDE, M.C.H. et al. (Org.). Livro vermelho das espécies vegetais ameaçadas do Estado de São Paulo. São Paulo: Instituto de Botânica, 2007. 165 p.
MARTINELLI, G. Mountain biodiversity in Brazil. Revista Brasileira de Botânica, v. 30, n. 4, p.587-597, 2007.
MCCUNE, B.; GRACE, J.B. Analysis of ecological communities. Gleneden Beach: MjM Software, 2002. 300 p.
MCCUNE B.; MEFFORD M.J. PC-ORD. Multivariate analysis of ecological data. Version 5.0. Gleneden Beach: MjM Software, 1999.
MEIRELLES, S.T. Estrutura da comunidade e características funcionais dos componentes da vegetação de um afloramento rochoso em Atibaia – SP. 1996. 270 f. Tese (Doutorado em Ecologia e Recursos Naturais) – Universidade Federal de São Carlos, São Carlos. MISSOURI BOTANICAL GARDEN – MOBOT. Disponível em: . Acesso em: 20 Abr. 2010
MITTERMEIER, R. A. et al. Hotspots: earth’s biologically richest and most endangered terrestrial ecoregions. Mexico City: CEMEX, 1999. 431 p.
MOCOCHINSKI, A.Y.; SCHEER, M.B. Campos de altitude na serra do mar paranaense: aspectos florísticos. Floresta, v. 38, n. 4, p. 625-640, 2008.
OLIVEIRA, R.B.; GODOY, S.A.P. Composição florística dos afloramentos rochosos do Morro do Forno, Altinópolis, São Paulo. Biota Neotropica, v. 7, n. 2, p. 37-48, 2007. Disponível em: . Acesso em: PENA, M.A. Florística de afloramentos rochosos na Serra do Cipó. 2009. 71 f. Dissertação (Mestrado em Botânica) – Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo.
RIBEIRO, J.F.; DIAS, T. (Org.). Diversidade e conservação da flora. In: BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade do Cerrado e Pantanal: áreas e ações prioritárias para conservação. Brasília, DF: MMA, 2007. p. 21-138.
RIBEIRO, J.F.; WALTER, B.M.T. As principais fitofisionomias do bioma Cerrado. In: SANO, S.M.; ALMEIDA, S.P.; RIBEIRO, J.F. Cerrado: ecologia e flora. Brasília, DF: Embrapa, 2008. p. 153-212.
RIBEIRO, K.T.; MEDINA, B.M.O.; SCARANO, F.R. Species composition and biogeographic relations of the rock outcrop flora on the high plateu of Itatiaia, SE-Brazil. Revista Brasileira de Botânica, v.30, n.4, p.623-639, 2007.
RIZZINI, C.T. Tratado de fitogeografia do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Âmbito Cultural, 1997. p. 482-515.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Resolução SMA 48, de 21 de setembro de 2004. Disponível em: . Acesso em: 26 ago. 2010.
SAZAKI, D; MELO-SILVA, R. Levantamento florístico no cerrado de Pedregulho, SP. Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 22, n. 1, p. 187-202, 2008.
SCARAMUZZA, C.A.M. Flora e Ecologia dos Campos de Itararé, São Paulo, Brasil. 2006. 153 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo.
SILVA, A.F; SHEPHERD, G.J. Comparações florísticas entre algumas matas brasileiras utilizando análise de agrupamento. Revista Brasileira de Botânica, v. 1, p. 81-86, 1986.
SOUZA, V.C. et al. Critérios utilizados na elaboração da Lista Oficial de Espécies da Flora Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo. In: MAMEDE, M.C.H. et al. (Org.). Livro vermelho das espécies vegetais ameaçadas do Estado de São Paulo. São Paulo: Instituto de Botânica, 2007. p. 15-20.
SOUZA, V.C.; LORENZI, H. Botânica sistemática: guia ilustrado para a identificação das famílias de Fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG II. 2. ed. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008. 704 p.
TORRES, R.B.; MARTINS, F.R.; KINOSHITA, L.S. Climate, soil and tree flora relationships in forests in the state of São Paulo, Southeastern Brazil. Revista Brasileira de Botânica, v. 20, p. 41-49, 1997.
UNIÃO INTERNACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA – IUCN. Red list of threatened species. 2010. Disponível em: . Acesso em: 26 ago. 2010.
VELOSO, H.P.; RANGEL FILHO, A.L.R.; LIMA, J.C.A. Classificação da vegetação brasileira, adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: IBGE/PROJETO RADAMBRASIL, 1991. 112 p.