A INFLUÊNCIA DA LUZ E DA TEMPERATURA NA GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE Bathysa australis (A.St.-Hil.) K.Schum. (RUBIACEAE)
DOI:
https://doi.org/10.24278/2178-5031.201729207Palavras-chave:
fotoblastismo positivo absoluto, classificação sucessional, secundária inicial, intolerância à sombraResumo
A escassez de informações sobre as condições de germinação das espécies tropicais dificulta a classificação sucessional de muitas delas. Bathysa australis já foi classificada, a partir de observações de campo, como espécie de subosque e secundária inicial. Com o objetivo de fornecer informações sobre as condições preferenciais de germinação de B. australis, verificamos a influência da luz e temperatura na sua germinação. Foram realizados os seguintes tratamentos: i) luz com temperatura constante (25 oC), ii) luz com temperatura alternada (10/20 oC), iii) ausência de luz com temperatura constante (25 oC) e iv) ausência de luz com temperatura alternada (10/20 oC). Foram avaliados os seguintes parâmetros: porcentagem de germinação (G), tempo de germinação, velocidade de germinação e o índice de sincronização da germinação. As sementes germinaram apenas nos tratamentos de luz, iniciando a germinação no sétimo dia à temperatura constante (G = 61%), e no 15o dia quando submetidas ao tratamento de temperaturas alternadas (G = 40%); para os parâmetros tempo, velocidade e índice de sincronização da germinação o tratamento de luz e temperatura constante foi significativo, indicando as condições mais favoráveis à germinação de B. australis. A espécie apresentou fotoblastismo positivo absoluto e tolerância à alternância de temperatura, indicando que em condições naturais germinam em bordas de mata, clareiras grandes a intermediárias e em áreas em regeneração. Com base nestes resultados é possível classificar Bathysa australis como secundária inicial.
Downloads
Referências
ALBUQUERQUE M.C.F.; COELHO, M.F.B.; ALBRECTH, J.M.F. Germinação de sementes de espécies medicinais do cerrado, In: COELHO,
M.F.B.; COSTA JR., P.; DOMBROSKI, J.L.D. (Org.). Diversos olhares em etnobiologia, etnoecologia e plantas medicinais. Cuiabá: Unicen, 2003. p. 157-82.
ARAUJO-NETO, J.C.; AGUIAR, I.B.; FERREIRA, V.M. Efeito da temperatura e da luz na germinação de sementes de Acacia polyphylla DC. Revista Brasileira de Botânica, v. 26, n. 2, p. 249-256, 2003.
BARROS, S.S.U. et al. Germinação de sementes de Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms (pau-d’alho) sob diferentes condições de temperatura, luz e umidade do substrato. Revista Brasileira de Botânica, v. 28, n. 4, p. 727-733, 2005.
BEWLEY, J.D.; BLACK, M. Seeds: physiology of development and germination. 2 ed. New York: Plenum Press, 1994. 445 p.
BORGES, E.E.L.; RENA, A.B. Germinação de sementes. In: AGUIAR, I.B.; PIÑA-RODRIGUES, F.C.M.; FIGLIOLIA, M.B. (Coord.). Sementes Florestais tropicais. Brasília, DF: ABRATES, 1993. p. 137-74.
BRANCALION, P.H.S. et al. Efeito da luz e de diferentes temperaturas na germinação de sementes de Heliocarpus popayanensis. Revista Árvore, v. 32, n. 2, p. 225-232, 2008.
BRANCALION, P.H.S.; GANDOLFI, S.; RODRIGUES, R.R. Restauração florestal. São Paulo: Oficina de Textos, 2015. 432 p.
CARVALHO, N.M.; NAKAGAWA, J. Sementes: ciência, tecnologia e produção. 4. ed. Jaboticabal: FUNEP, 2000. 588 p.
DALGAARD, P. Introductory statistics with R. New York: Springer-Verlag, 2002. 267 p.
DESTEFANI, A.C.C. Fatores abióticos. In: RODRIGUES, R.R. (Coord.). Parcelas Permanentes em 40 ha de florestas do Estado de São Paulo: uma experiência interdisciplinar. Piracicaba: ESALQ-USP, 2006. Disponível em: <http://www.lerf.eco.br/downloads/parcelas_permanentes_-_4o_relatorio_tematico_do_projeto_parcelas_permanentes.pdf>. Acesso em: 20 fev. 2017.
DUZ, S.R. et al. Crescimento inicial de três espécies arbóreas da Floresta Atlântica em resposta à variação na quantidade de luz. Revista Brasileira de Botânica, v. 27, n. 3, p. 587-596, 2004.
FERREIRA, A.G. et al. Germinação de sementes de Asteraceae nativas no Rio Grande do Sul, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 15, n. 2, p. 231-42, 2001.
FIGLIOLIA, M.B., OLIVEIRA, E.C.; PIÑA-RODRIGUES, F.C.M. Análise de sementes. In: AGUIAR, I.B.; PIÑA-RODRIGUES, F.C.M.; FIGLIOLIA M.B. (Coord.). Sementes florestais tropicais. Brasília, DF: ABRATES, 1993. p. 137-174.
GANDOLFI, S. História natural de uma Floresta Estacional Semidecidual no município de Campinas (São Paulo, Brasil). 2000. 520 f. Tese (Doutorado em Biologia Vegetal) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
GARWOOD, N.C. Seed germination in a seasonal tropical forest in Panama: a community study. Ecological Monographs, v. 53, p.159-181, 1983.
GERMANO-FILHO, P. Estudos taxonômicos do gênero Bathysa C. Presl (Rubiaceae, Rondeletieae), no Brasil. Rodriguésia, v. 50, n. 76/77, p. 49-75, 1999.
HARTSHORN, G.S. Neotropical forest dynamics. biotropica, v. 12, p. 23-30, 1980. Suplemento.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro, 2012. 271 p. (Série Manuais Técnicos em Geociências, n. 1).
KENDRICK, R.E.; KRONENBERG, G.H.M. Photocontrol of seeds. In: ______. (Ed.). Photomorphogenesis in plants. Dordrecht: Martinus Niljhofl, 1994. p. 443-465.
KÖPPEN, W. Climatologia: con un estudio de los climas de la tierra. Mexico: Fondo de Cultura Econômica, 1948, 478 p.
LABORIAU, L.G. A germinação das sementes. Washington, D.C.: Secretaria Geral das Organizações dos Estados Americanos, Programa Regional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, 1983. 174 p.
LEITE, E.C.; RODRIGUES, R.R. Fitossociologia e caracterização sucessional de um fragmento de floresta estacional no Sudeste do Brasil. Revista Árvore, v. 32, n. 3, p. 583-595, 2008.
LIMA, R.A.F. Estrutura e regeneração de clareiras em florestas pluviais tropicais. Revista Brasileira de Botânica, v. 28, n. 4, p. 651-670, 2005.
LOPES, J.C.; SOARES, A.S. Germinação de sementes de Miconia cinnamomifolia (Dc.) Naud. Brasil Florestal, v. 75, p. 31-38, 2003.
MAEKAWA, L.; ALBUQUERQUE, M.C.F.; COELHO, M.F.B. Germinação de sementes de Aristolochia esperanzae O. Kuntze em diferentes temperaturas e condições de luminosidade. Revista Brasileira de Plantas Medicinais, v. 12, n. 1, p. 23-30, 2010.
OSUNKOYA. O.O. et al. Influence of seed size and seedling ecological attributes on shade-tolerance in northern Queensland. Journal of Ecology, v. 82, p. 149-163, 1994.
PEARSON, T.R.H. et al. Interactions of gap size and herbivory on establishment, growth and survival of three species of neotropical pioneer trees. Journal of Ecology, v. 91, p. 785-796, 2003.
PIJL, L. van der. Principles of dispersal in higher plants. 3. ed. Berlin: Springer Verlag, 1982. 214 p.
R DEVELOPMENT CORE TEAM. R: a language and environment for statistical computing. Vienna: R Foundation for Statistical Computing. 2017. Disponível em: <https://www.r-project.org/>. Acesso em: 18 abr. 2017.
RESSEL, K. et al. Ecologia morfofuncional de plântulas de espécies arbóreas da Estação Ecológica do Panga, Uberlândia, Minas Gerais. Revista Brasileira de Botânica, v. 27, p. 311-323, 2004.
SANTANA, D.G.; RANAL, M.A. Análise da germinação: um enfoque estatístico. Brasília, DF: Editora Universidade de Brasília, 2004. 248.
SILVA, A.; FIGLIOLIA, M.B.; AGUIAR, I.B. Germinação de sementes de Acacia polyphylla DC. (monjoleiro) e de Aspidosperma ramiflorum Müll. Arg. (guatambu). Floresta, v. 37, n. 3, 2007.
SILVA, M.A.B. et al. Influência da luz e da temperatura na germinação de sementes de gerbera (Gerbera jamesonii Bolus ex Hook). Horticultura Brasileira, v. 23, n. 2, 2005. Suplemento.
SILVA, M.C.C.; NAKAGAWA, J.; FIGLIOLIA, M.B. Influência da temperatura, da luz e do teor de água na germinação de sementes de Schinus terebinthifolius Raddi – Anacardiaceae (aroeira-vermelha). Revista do Instituto Florestal, v. 13, n. 2, p. 135-146, 2001.
SOUZA, S.C.P.M.; RODRIGUES, R.R.; JOLY, C.A. O banco de sementes e suas implicações na diversidade da Floresta Ombrófila Densa Submontana no Parque Estadual de Carlos Botelho, São Paulo, Brasil. Hoehnea, v. 43, n. 3, p. 378-393, 2017a.
SOUZA, S.C.P.M. et al. Estrutura populacional de 12 espécies arbóreas de diferentes grupos ecológicos. Revista do Instituto Florestal, v. 29, n. 1, p. 39-55, 2017b.
SWAINE, M.D.; WHITMORE, T.C. On the definition of ecological species groups in tropical rain forest. Vegetatio, v. 75, p. 81-86, 1988.
TABARELLI, M.; VILANI, J.P.; MANTOVANI, W. Aspectos da sucessão secundária em trecho da Floresta Atlântica no Parque Estadual da Serra do Mar, SP. Revista do Instituto Florestal, v. 5, n. 1, p. 99-112, 1993.
VALIO, I.F.M.; SCARPA, F.M. Germination of seeds of tropical pioneer species under controlled and natural conditions. Revista Brasileira de Botânica, v. 24, n. 1, p. 79-84, 2001.
VÁZQUEZ-YANES, C.; SMITH, H. Phytochrome control of seed germination in the tropical rain forest pioneer trees Cecropia obtusifolia and Piper auritum and it’s ecological significance. New Phytologist, v. 92, n. 4, p. 477-485, 1982.
VÁZQUEZ-YANES, C.; OROZCO-SEGOVIA, A. Fisiología ecológica de las semillas de árboles de la selva tropical: un reflejo de su ambiente. Ciencia, v. 35, p. 191-201, 1984.
______.Patterns of seed longevity and germination in the tropical rainforest. Annual Review of Ecology and Systematics,v. 24, p. 69-87, 1993.
WHITMORE, T.C. An introduction to tropical rain forest. Oxford: Clarendon Press, 1990. 226 p.
ZAIA, J.E.; TANAKA, M. Estudo da germinação de sementes de espécies arbóreas pioneiras: Tibouchina pulchra Cogn. e Tibouchina granulosa Gogn.(Melastomataceae). Acta Botanica Brasilica, v. 12, n. 3, p. 221-229, 1998.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.