PROCESSOS HIDROLÓGICOS EM DIFERENTES MODELOS DE PLANTIO DE RESTAURAÇÃO DE MATA CILIAR EM REGIÃO DE CERRADO
DOI:
https://doi.org/10.24278/2178-5031.2007192360Palavras-chave:
hidrologia florestal, recuperação, florestas ripárias, interceptação, umidade do soloResumo
A restauração de florestas ciliares tem sido recomendada como a melhor estratégia visando à proteção dos recursos hídricos e à recuperação da biodiversidade. No entanto, quase nada se conhece sobre o papel hidrológico das florestas plantadas e seus efeitos protetores. O presente estudo teve como objetivo analisar comparativamente alguns modelos de plantio de mata ciliar em região de cerrado, para verificar se diferem quanto ao seu papel na interceptação da água das chuvas e em sua influência na umidade do solo, com reflexos sobre a função protetora da floresta. Foram coletados, durante cinco meses, dados pluviométicos no interior de quatro modelos de plantio aos dezessete anos (um plantio misto com espécies de cerrado e três plantios puros, com Pinus elliottii, Tapirira guianensis e Anadenanthera falcata) e em área aberta para comparação. Para análises de umidade, foram coletadas amostras compostas da camada superficial do solo (0 a 20 cm) em cada uma das parcelas. Houve variação na porcentagem da água das chuvas interceptada pelas copas entre os diferentes modelos, com o maior valor no plantio puro de Tapirira guianensis (30,8%), espécie latifoliada perenifólia e com a maior densidade de árvores. No outro extremo, o plantio de Anadenanthera falcata, uma espécie caducifólia de folhas muito pequenas, reteve apenas 12,5% da água das chuvas. A umidade do solo, como era esperado, foi inversamente proporcional à interceptação. Não se observou correlação entre a biomassa florestal e a interceptação ou umidade do solo.
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