DISPERSÃO DE DIÁSPOROS E ECOLOGIA MORFOFUNCIONAL DE PLÂNTULAS DE ESPÉCIES DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA ATLÂNTICA EM DOIS IRMÃOS, RECIFE–PE
DOI:
https://doi.org/10.24278/2178-5031.2012241383Palavras-chave:
florística, estabelecimento de plântulas, síndrome de dispersãoResumo
Trabalhos sobre dispersão de frutos e sementes e aspectos morfofuncionais de plântulas podem fornecer informações essenciais no esclarecimento de questões ligadas à sucessão ecológica, além de contribuir nos trabalhos de inventário, conservação e regeneração de ecossistemas naturais, uma vez que contribuem para a compreensão das funções das estruturas morfológicas nos processos de desenvolvimento e estabelecimento das plantas. Diante do exposto, a presente investigação objetivou levantar as síndromes de dispersão e a morfofuncionalidade de plântulas de espécies de fanerógamos de um fragmento de Floresta Atlântica em Dois Irmãos, Recife–PE. O levantamento das espécies e coleta de material fértil foi feito pelo método do caminhamento, entre o período de janeiro de 2008 e agosto de 2011. As espécies foram demarcadas com fitas e acompanhadas quanto à produção de frutos e sementes para determinação da síndrome de dispersão e posterior germinação, visando à obtenção das plântulas. Também foram feitas observações de campo para identificação das sementes germinadas e plântulas encontradas na serrapilheira. A caracterização da síndrome de dispersão e morfofuncionalidade de plântulas foram feitas através de observações em campo e literatura. Foram levantadas 85 espécies, distribuídas em 20 famílias e 60 gêneros. Quanto ao hábito, 63,85% das espécies são árvores, 16,86% são arbustos, 14,45% são trepadeiras e 7,22% são ervas. A síndrome de dispersão mais frequente foi a zoocoria (66,66%), seguida da autocoria (18,84%) e anemocoria (13,05%). O padrão de morfofuncionalidade de plântulas predominante foi o fanerocotiledonar-epígeo com cotilédones do tipo foliáceo, semelhante ao padrão descrito na literatura para as florestas tropicais úmidas não inundáveis.
Downloads
Referências
BARALOTO, C.; FORGET, P.-M. Seed size, seedling morphology, and response to deep shade and damage in neotropical rain forest trees. American Journal of Botany, v. 94, n. 6, p. 901-911, 2007.
BASKIN, C.C.; BASKIN, J.M. Seeds – ecology, biogeography, and evolution of dormancy and germination. San Diego: Academic Press, 2000. p. 13-16.
BATTILANI, J.L.; SANTIAGO, E.F.; SOUZA, A.L.T. Morfologia de frutos, sementes e desenvolvimento de plântulas e plantas jovens de Maclura tinctoria (L.) D. Don. ex Steud. (Moraceae). Acta Botanica Brasilica, v. 20, p. 581-589, 2006.
BEGON, M.; TOWNSEND, C.R.; HARPER, J.L. Ecologia: de indivíduos a ecossistemas. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 752 p.
BRUMITT, R.K.; POWELL, C.E. Authors of plant names. Kew: Royal Botanic Gardens, 1992. 732 p.
CARIM, S.; SCHWARTZ, G.; SILVA, M.F.F. Riqueza de espécies, estrutura e composição florística de uma floresta secundária de 40 anos no leste da Amazônia. Acta Botanica Brasilica, v. 21, n. 2, p. 293-308, 2007.
COSTA JUNIOR, R.F. et al. Florística arbórea de um fragmento de Floresta Atlântica em Catende, Pernambuco – Nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v. 2, n. 4, p. 297-302, 2007.
COUTINHO, R.Q. et al. Características climáticas, geológicas, geomorfológicas e geotécnicas da Reserva Ecológica de Dois Irmãos. In: MACHADO, I.C.; LOPES, A.V.; PORTO, K.C. (Org.). Reserva Ecológica de Dois Irmãos: estudos em um remanescente de Mata Atlântica em área urbana. Recife: SECTMA: UFPE, 1998. p. 21-50.
FERREIRA, C.S.; PIEDADE, M.T.F.; BONATES, L.C. Germinação de sementes e sobrevivência de plântulas de Himatanthus sucuuba (Spruce) Wood. em resposta ao alagamento, nas várzeas da Amazônia Central. Acta Amazônica, v. 36, p. 413-418, 2006.
FORZZA, R.C. et al. (Coord.). Lista de espécies da florado Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2012. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/2012/index>. Acesso em: 3 jan. 2012.
GARWOOD, N.C. Functional morphology of tropicaltree seedlings. In: SWAINE, M.D. (Ed.). The ecologyof tropical forest tree seedlings. New York: The Parthenon Publishing Group, 1995. p. 59-129.
GOMES, J.G. et al. Estrutura do sub-bosque lenhoso em ambientes de borda e interior de dois fragmentos de floresta atlântica em Igarassu, Pernambuco, Brasil. Rodriguésia,v. 60, p. 295-310, 2009.
GRIZ, L.M.S.; MACHADO, I.C.S. Aspectos morfológicos e síndromes de dispersão de frutos e sementes na Reserva Ecológica de Dois Irmãos. In: MACHADO, I.C.; LOPES, A.V.; PORTO, K.C. (Org.). Reserva Ecológica de Dois Irmãos: estudos em um remanescente de Mata Atlântica em área urbana (Recife-Pernambuco-Brasil). Recife: Editora Universitária da Universidade Federal de Pernambuco, 1998. p. 197-224.
______. Fruiting phenology and seed dispersal syndromes in caatinga, a tropical dry forest in the northeast of Brazil. Journal of Tropical Ecology,v. 17, p. 303-321, 2001.
GRIZ, L.M.; MACHADO, I.C.S.; TABARELLI, M. Ecologia de dispersão de sementes: progressos e perspectivas. In: TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. (Ed.). Diagnóstico da diversidade de Pernambuco. Recife: SECTEMA: Massagana, 2002. p. 597-608.
GOTTSBERGER, G.; SILBERBAUER-GOTTSBERGER, I. Dispersal and distribuition in the Cerrado vegetation of Brazil. Sonderband des Naturwissenchaftichen Vereins in Hamburg, v. 7, p. 315-352, 1983.
GUEDES M.L.S. A vegetação fanerogâmica na Reserva Ecológica de Dois Irmãos. In: MACHADO, I.C.; LOPES, A.V.; PORTO, K.C. (Org.). Reserva Ecológica de Dois Irmãos: estudos em um remanescente de Mata Atlântica em área urbana (Recife – Pernambuco – Brasil). Recife: Secretaria de Ciências, Tecnologia e Meio Ambiente: Editora Universitária da UFPE, 1998. p. 157-172.
GUILHERME, F.A.G.; MORELLATO, L.P.C.; ASSIS, M.A. Horizontal and vertical tree community structure in a lowland Atlantic Rain Forest, Southeastern Brazil. Revista Brasileira de Botânica, v. 27, p. 725-737, 2004.
GENTRY, A.H. Dispersal ecology and diversity in neotropical forest communities. Sonderband Naturwissenschaftlicher Verein in Hamburg, v. 7, p. 303-314, 1983.
GREEN, P.T.; JUNIPER, P.A. Seed-seedling allometry in tropical rain forest trees: seed mass-related patterns of resource allocation and the ‘‘reserve effect’’. Journal of Ecology, v. 92, p. 397-408, 2004.
IBARRA-MANRÍQUEZ, G.; RAMOS, M.M.; OYAMA, K. Seedling functional types in lowland rain forest in Mexico. American Journal of Botany, v. 88, p. 1801-1812, 2001.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro, 1992. 92 p. (Manuais Técnicos em Geociências, 1).
JACOMINE, P.K.T. et al. Levantamento exploratório – reconhecimento de solos do estado de Pernambuco. Recife: DPP: SUDENE, 1972. 359 p.
KINOSHITA, L.S. et al. Composição florística e síndromes de polinização e de dispersão da mata do Sítio São Francisco, Campinas, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 20, p. 313-327, 2006.
KITAJIMA, K. Do shade-tolerant tropical tree seedlings depend longer on seed reserves? Functional growth analysis of three Bignoniaceae species. Functional Ecology, v. 16, p. 433-444, 2002.
______.; FENNER, M. Seedling regeneration ecology. In: FENNER, M. (Ed.). Seeds: ecology of regeneration in plant communities. 2nd ed. Wallingford: CAB International, 2000. p. 331-360.
KUNZ, S.H. et al. Aspectos florísticos e fitossociológicosde um trecho de Floresta Estacional Perenifóliana Fazenda Trairão Bacia do rio das Pacas,Querência – MT. Acta Amazônica, v. 38, p. 245-254, 2008.
LEWIS, S.L.; TANNER, E.V.J. Effects of above-and below-ground competition on growth andsurvival of rain forest tree seedlings. Ecology, v. 81, p. 2525-2538, 2000.
LINS-E-SILVA, A.C.B.; RODAL, M.J.N. Tree community structure of an in an urban remnant of Atlantic Coastal Forest in Pernambuco, Brazil. New York: New York Botanical Garden, 2008. chapter 17, p. 517-540. (Memoir of New York Botanical Garden, 100).
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 352 p.
MACHADO, I.C.; LOPES, A.V.; PORTO, K.C. (Org.). Reserva Ecológica de Dois Irmãos: estudos em um remanescente de Mata Atlântica em área urbana (Recife – Pernambuco – Brasil). Recife: Secretaria de Ciências, Tecnologia e Meio Ambiente: Editora Universitária da UFPE, 1998. 326 p.
MANTOVANI, W.; MARTINS, F.R. Variações fenológicas das espécies do cerrado da Reserva Biológica de Moji Guaçu, Estado de São Paulo. Revista Brasileira de Botânica, v. 11, n. 2, p. 101-112, 1988.
MARQUES, M.C.M. Dinâmica da dispersão de sementes e regeneração de plantas da Planície Litorânea da Ilha do Mel, PR. 2002. 145 f. Tese (Doutorado em Ciências Biológicas – Área de Biologia Vegetal) – Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
MATHEUS, M.T.; LOPES, J.C. Morfologia de frutos, sementes e plântulas e germinação de sementes de Erythrina variegata L. Revista Brasileira de Sementes, v. 29, p. 8-17, 2007.
MÍQUEL, S. Morphologie fonctionnele de plantules d’espèces forestières du Gabon. Bulletin du Muséum National d’Histoire Naturelle, n. 9, p. 101-121, 1987.
NG, F.S.P. Strategies of establishment in Malayan forest trees. In: TOMLINSON, P.B.P.; ZIMMERMANN, M.H. (Ed.). Tropical trees as living systems. London: Cambridge University Press, 1978. p. 129-162.
PAULA, A. et al. Sucessão ecológica da vegetação arbórea em uma Floresta Estacional Semidecidual, Viçosa, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 18, p. 407-423, 2004.
PIJL, L. van der. Principles of dispersal in higher plants. New York: Springer Verlag, 1982. 212 p.
POHILL, R.M.; RAVEN, P.H.; SERTON, C.H. Evolution and systematic of the Leguminosae. In: POHILL, R.M.; RAVEN, P.H. (Ed.). Advances in legume systematics. Kew: Royal Botanic Gardens, 1981. part I, p. 1-26.
RESSEL, K; GUILHERME, F.A.G.; SCHIAVINI, I. Ecologia morfofuncional de plântulas de espécies arbóreas da Estação Ecológica do Panga, Uberlândia, Minas Gerais. Revista Brasileira de Botânica, v. 27, n. 2, p. 311-323, 2004.
RODAL, M.J.N; NASCIMENTO, L.M. Levantamento florístico da floresta serrana da Reserva Biológica de Serra Negra, Itaparica-PE. Acta bot. bras., v. 16, n. 4, p. 481-500, 2002.
RONDON NETO, R.M.; WATZLAWICK, L.F.; CALDEIRA, M.V.W. Diversidade florística e síndromes de dispersão de diásporos das espécies arbóreas de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista. Revista Ciências Exatas e Naturais, v. 3, n. 2, p. 209-216, 2001.
ROUSTEAU, A. 100 plantules d’arbes guadeloupéens. Aspects morphologiques et écologiques. 1983. 3ème cycle. Thèses – Université Pierre & Marie Curie, Paris.
SCHIAVINI, I.; RESENDE J.C.F.; AQUINO, F.G. Dinâmica de populações de espécies arbóreas em mata de galeria e mata mesófila na margem do Ribeirão do Panga, MG. In: RIBEIRO, J.F.; FONSECA, C.E.L.; SOUSA-SILVA, J.C. (Ed.). Cerrado: caracterização e recuperação de Matas de Galeria. Brasília, DF: Embrapa-CPAC, 2001. p. 267-299.
SILVA, G.S. da; ADELIA, M.A.O.; CRUZ, M. da. Comportamento e composição de um grupo de Callithrix jacchus Erxleben (Primates, Callitrichidae) na mata de Dois Irmãos, Recife, Pernambuco, Brasil. Rev. Bras. Zool., v. 10, n. 3, p. 521-530, 1993.
SILVA, D.F.; VASCONCELOS, S.D. Flebotomíneo em fragmentos de Mata Atlântica na Região Metropolitana do Recife, PE. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., v. 38, n. 3, p.264-266, 2005.
SIMULA, M. Trade and environmental issues in forest production. New York: International American Development Bank, Environment Division, 1999.
SOUZA, A.C.R.; ALMEIRA Jr., E.B.; ZICKEL, C.S. Riqueza de espécies de sub-bosque em um fragmento florestal urbano, Pernambuco, Brasil. Biotemas, v. 22, n. 3, p. 57-66, 2009.
SOUZA, G.S. et al. Diatomáceas indicadoras de paleoambientes do Quaternário de Dois Irmãos, Recife, PE, Brasil. Acta bot. bras., v. 21, n. 3, p. 521-529, 2007.
SOUZA, L.A.; OLIVEIRA, J.H.G. Morfologia e anatomia das plântulas de Tabebuia avellanedae Lor. ex Griseb e T. chrysotricha (Mart. ex DC.) Standl. (Bignoniaceae). Acta Scientiarum, v. 26, p. 217-226, 2004.
TABARELLI, M.; MANTOVANI, W.; PERES, C.A. Effects of habitat fragmentation on plant guild structure in the montane Atlantic Forest of southeastern Brazil. Biological Conservation, v. 91, p. 119-127, 1999.
VICENTE, A.; SANTOS, A.M.M.; TABARELLI, M. Variação no modo de dispersão de espécies lenhosas em um gradiente de precipitação entre floresta seca e úmida no Nordeste do Brasil. In: LEAL, I.R.; TABARELLI, M.; SILVA, J.M.C. (Org.). Ecologia e conservação da Caatinga. Recife: Editora Universitária da Universidade Federal de Pernambuco, 2003. p. 565-592.
VIDAL, W.N.; VIDAL, M.R.R. Botânica – organografia:quadros sinóticos ilustrados de fanerógamos. 3. ed. Viçosa–MG: Imprensa Universitária, 2000. 114 p.
WALTERS, M.B.; REICH, P.B. Seed size, nitrogen supply and growth rate affect tree seedling survival in deep shade. Ecology, v. 81, p. 1887-1901, 2000.
WEBSTER, G.L. Classification of the Euphorbiaceae.Annals of the Missouri Botanical Garden, v. 81, p. 3-32, 1994.
WEISER, V.L.; GODOY, S.A.P. Florística em um hectare de cerrado stricto sensu na ARIE – Cerrado Pé-de-Gigante, Santa Rita do Passo Quarto, SP. Acta Botanica Brasilica,v. 15, p. 201-212, 2001.
WILLSON, M.F.; TRAVESET, A. The ecology of seed dispersal. In: FENNER, M. (Ed.). Seeds: the ecology of regeneration in plant communities. Wallingford: CAB International, 2000. p. 85-110.
ZANNE, A.E. Adaptation to heterogeneous habitats: life-history characters of trees and shrubs. 2003. Ph.D. Dissertation – University of Florida, Gainesville.
ZANNE, A.E.; CHAPMAN, C.A.; KITAJIMA, K.Evolutionary and ecological correlates of early seedling morphology in East African trees and shrubs. American Journal of Botany, v. 92, n. 6, p. 972-978, 2005.