RELAÇÃO DE USO DOS RECURSOS NATURAIS PELAS COMUNIDADES DO ENTORNO DE UM FRAGMENTO FLORESTAL URBANO NO PARQUE ESTADUAL DOIS IRMÃOS, RECIFE – PERNAMBUCO
DOI:
https://doi.org/10.24278/2178-5031.2012242388Palavras-chave:
florística, etnobotânica, etnozoologia, percepção ambientalResumo
O trabalho visa determinar as relações entre comunidades e vegetação do Parque Estadual Dois Irmãos, Recife – Pernambuco. Através de 50 entrevistas, foram investigados aspectos da percepção ambiental dos moradores das comunidades do entorno da floresta do Parque Estadual, percebendo seu modo de vida e sua relação com os recursos naturais. Foram registradas 88 espécies, nativas, cultivadas e introduzida, e dez animais foram citados para a área. As famílias com maior representatividade em número de espécies foram: Fabaceae (treze espécies), Lamiaceae (seis) Anacardiaceae, Arecaceae e Cucurbitaceae (cinco), Anonaceae, Asteraceae, Euphorbiaceae, Myrtaceae e Poaceae (quatro). O uso alimentício ocorreu em 31,42% das espécies, seguido do uso medicinal (28,57%), comercial (14,28%), madeireiro (11,42%), tecnológico (9,52%) e ornamental (4,76%). A vegetação nativa constitui uma fonte importante de recursos madeireiros e medicinais, mas é subutilizada como fonte de alimento. Os vegetais não têm grande relevância na atividade de comércio, servindo como complemento de renda para as famílias. As comunidades utilizam diferentes fontes vegetais para as categorias comércio, construção e tecnologia, decorrentes tanto das principais atividades que exercem seus moradores, como dos recursos naturais à sua disposição. O lixo, a falta de saneamento básico e alagamentos são os principais problemas enfrentados pelas comunidades.
Downloads
Referências
ALBUQUERQUE, U.P. La importancia de los estúdios etnobiológicos para establecimiento de estrategias de manejo y conservación en las florestas tropicales. Biotemas, v. 12, p. 31-47, 1999.
______.; ANDRADE, L.H.C.; SILVA, A.C.O. Use of plant resources in a seasonal dry Forest (Northeastern Brazil). Acta Botanica Brasilica, v. 19, p. 27-38, 2005.
ALTHAUS-OTTMANN, M.M.; CRUZ, M.J.R.;FONTE, N.N. Diversidade e uso das plantas cultivadas nos quintais do Bairro Fanny, Curitiba, PR, Brasil. R. bras. Bioci., v. 9, p. 39-49, 2011.
AMARAL, C.N.; GUARIM-NETO, G. Os quintais como espaços de conservação e cultivo de alimentos: um estudo na cidade de Rosário Oeste (Mato Grosso, Brasil). Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, v. 3, p. 329-341, 2008.
AMOROZO, M.A.M. Alimentação em um bairro pobre de Manaus, Amazonas. Acta Amazonica, v. 13, p. 5-43, 1981.
______. Uso e diversidade de plantas medicinais em Santo Antônio do Leverger, MT, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 12, p. 189-203, 2002.
ANDRADE, M.C. Área do sistema canavieiro. Recife: SUDENE. 1988. v. 1, 648 p.
BRITO, M.A.; COELHO, M.F.B. Os quintais agrofl orestais em regiões tropicais – unidades
auto-sustentáveis. Revista Agricultura Tropical, v. 4, p. 1-21, 2000.
BRUMITT, R.K.; POWELL, C.E. Authors of plant names. Kew: Royal Botanic Gardens, 1992. 732 p.
BROWN JR., K.S.; BROWN, G.G. Habitat alteration and species loss in Brazilian forests. In: WHITMORE, T.C.; SAYER, J.A. (Ed.). Tropical deforestation and species extinction. London: Chapman & Hall, 1992. v. 1, p. 129-142.
CÂMARA, I. G. Breve história da conservação da Mata Atlântica. In: GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I.G. Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perspectivas. Belo Horizonte: Fundação SOS Mata Atlântica: Conservação Internacional, 2005. v. 1, p. 472.
CAPOBIANCO, J.P.R.; LIMA, A. A evolução da proteção legal da Mata Atlântica. In: LIMA, A.; CAPOBIANCO, J.P.R. (Org.). Mata Atlântica: avanços legais e institucionais para sua conservação. São Paulo: Instituto Socioambiental, 1997. v. 1, p. 7-18. (Documentos do ISA nº 4).
CESTARO, L.A.; SOARES, J.J. The arboreal layer of a lowland Semideciduos (Tabuleiro) Forest Fragment in Rio Grande do Norte, Brazil. In: THOMAS, W.W. (Ed.). The Atlantic Costal Forest of Northeastern Brazil. New York: The New York Botanical Garden Press, 2009. v. 1, p. 417-438.
COELHO, J.A.P. M.; GOUVEIA, V.V.; MILFONT, I.I. Valores humanos como explicadores de atitudes ambientais e intenção de comportamento pró-ambiental. Psicologia em Estudos, v. 11, p. 11-23, 2006.
COSTA, E.M.P. Expansão urbana e organização espacial. Recife: Universitária, 1982. v. 1, 248 p.
DIDHAM, R.K; LAWTON, J.H. Edge structure determines the magnitude of changes in microclimate and vegetation structure in tropical forest fragments. Biotropica, v. 31, p. 17-30, 1999.
EICHEMBERG, M.T.; AMOROZO, M.C.M.; MOURA, L.C. Species composition and plant use in old urban homegardens in Rio Claro, Southeast of Brazil. Acta bot. bras., v. 4, p. 1057-1075, 2009.
FERREIRA, T.B.; SABLAYROLLES, M.G.P. Quintais agroflorestais como fontes de saúde: plantas medicinais na comunidade de Vila Franca, Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, Pará. Rev. Bras. de Agroecologia, v. 4, n. 2, p. 3159-3162, 2009.
FRANCO, E.A.P.; BARROS, R.F.M. Uso e diversidade de plantas medicinais no Quilombo Olho D’água dos Pires, Esperantina, Piauí. Rev. Bras. Pl. Med., v. 8, p. 78-88, 2006.
FREITAS, A.V.L. et al. Plantas medicinais: um estudo etnobotânico nos quintais do Sítio Cruz, São Miguel, Rio Grande do Norte, Brasil. R. bras. Bioci., v. 10, p. 48-59, 2012.
FUNDAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE – FIDEM. Reservas ecológicas da Região Metropolitana do Recife. Recife, 1987. v. 1, 108 p. (Série de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente).
GUEDES M.L.S. Vegetação fanerogâmica na Reserva Ecológica de Dois Irmãos. In: MACHADO, I.C.; LOPES, A.V.; PORTO, K.C. (Ed.). Reserva Ecológica de Dois Irmãos: estudos em um remanescente de Mata Atlântica em área urbana (Recife – Pernambuco – Brasil). Recife: Secretaria de Ciências, Tecnologia e Meio Ambiente: Editora Universitária da UFPE, 1998. v. 1, p. 157-172.
FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira. Rio de Janeiro: Fundação Instituto. Brasileiro de Geografia e Estatística: DERNA, 1992. 92 p. (Manuais Técnicos de Geociências 1).
JOLY, A.B.; LEITÃO-FILHO, H.F.; SILVA, S.M. O patrimônio florístico. In: CÂMARA, I.G. (Ed.). Mata Atlântica. São Paulo: Indx: Fundação SOS Mata Atlântica, 1991. v. 1, p. 96-128.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 2000a. v. 1, 352 p.
______. Plantas daninhas do Brasil: terrestres, aquáticas, parasitas e tóxicas. 3. ed. Nova Odessa: Plantarum, 2000b, v. 1, 620 p.
______.; SOUZA, H. Plantas ornamentais. 3. ed. São Paulo: Plantarum, 2001. v. 1, 1088 p.
______.; MATOS, F. J. A. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2002. v. 1, 512 p.
______. et al. Árvores exóticas no Brasil: madeiras, ornamentais e aromáticas. Nova Odessa: Platarum, 2003. v. 1, 352 p.
LOUREIRO, C.F.B. (Org). Educação ambiental, gestão pública, movimentos sociais e formação humana – uma abordagem emancipatória. São Carlos: Rima, 2009. v. 5, 453 p.
MACHADO, I.C., LOPES, A.V.; PORTO, K.C. Reserva Ecológica de Dois Irmãos: estudos em um remanescente de Mata Atlântica em área urbana (Recife – Pernambuco – Brasil). Recife: Secretaria de Ciências, Tecnologia e Meio Ambiente: Editora Universitária da UFPE, 1998. v. 1, 326 p.
MALAVASI, U.C.; MALAVASI, M.M. Avaliação da arborização urbana pelos residentes – estudo de caso em Marechal Cândido Rondon, Paraná. Revista Ciência Florestal, v. 11, p. 189-193, 2001.
MELO, M.L. Metropolização e subdesenvolvimento:o caso do Recife. Recife: Departamento de Ciências Geográficas – CFCH/UFPE, 1978. p. 173-178.
MILLER, R.W. Urban forestry: planning and managing urban greenspaces. 2nd ed. Long Grove: Waveland, 2007. 303-310.
MYERS, N. et al. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, p. 853-858, 2000.
MORELLATO, L.P.C.; HADDAD, C.F.B. Introduction:the Brazilian Atlantic Forest. Biotropica, v. 34, p. 786-792, 2000.
MOURA, C.L.; ANDRADE, L.H.C. Etnobotânica em quintais urbanos nordestinos: um estudo no Bairro da Muribeca, Jaboatão dos Guararapes, PE. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, p. 219-221, 2007.
NASCIMENTO, M.V.E.; ALMEIDA, E.A. Importância da realização de trilhas participativas para o conhecimento e conservação da diversidade biológica: uma análise da percepção ambiental. Rev. eletrônica Mestr. Educ. Ambiental, v. 23,p. 358-368, 2009.
PEIXOTO, A.L.; ROSA, M.M.T.; SILVA, I.M. Características da Mata Atlântica. In: SYLVESTRE, L.S.; ROSA, M.M.T. Manual metodológico para estudos botânicos na Mata Atlântica. Seropédica: EDUR, 2002. v. 1, p. 123.
PERNAMBUCO. Lei nº 9.989, de 13 de janeiro de 1987. Define as reservas ecológicas da região metropolitana do Recife. Diário Oficial do Estado de Pernambuco, 14 jan. 1987.
PERNAMBUCO. Lei nº 11.622, de 29 de dezembro de 1998. Parque Estadual de Dois Irmãos. Diário Oficial do Estado de Pernambuco, 30 dez. 1998. .
PERNAMBUCO. Secretaria de Ciência Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco. Diagnóstico das Reservas Ecológicas: Região Metropolitana do Recife. Recife, 2001. v. 1, 79 p.
PINTO, L.P.; BRITO, M.C.W. Dinâmica da perda da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira: uma introdução. In GALINDO-LEAL, C.; CÂMARA, I.G.Mata Atlântica: biodiversidade, ameaças e perpectivas.Belo Horizonte: Fundação SOS Mata Atlântica: Conservação Internacional, 2005. p. 27-30.
PRANCE, G.T.W.; BOOM, B.B.M.; CARNEIRO, R.L.Quantitative ethnobotany and the case for conservation in Amazonia. Conservation Biology, v. 1, p. 296-310, 1987.
RANTA, P. et al. The fragmented atlantic forest of Brazil: size, shape and distribution of forest fragments. Biodiversity Conservation, v. 1,p. 385-403, 1998.
RIBEIRO, E.M.; GALIZONI, F.M. Água, população rural e políticas de gestão: o caso do vale do Jequitinhonha, Minas Gerais. Ambiente e Sociedade, v. 5, p. 129-146, 2003.
RIBEIRO, W.C.; LOBATO, W; LIBERATO, R.C. Notas sobre fenomenologia, percepção e educação ambiental. Revista Sinapse Ambiental, v. 2, n. 1, p. 42-65, 2009.
RIO, V.; OLIVEIRA, L. (Org.). Percepção ambiental – a experiência brasileira. 2. ed. São Paulo: UFSCAR: Studio Nobel, 1999. 200 p.
RICHTER, E.M. Percepção ambiental do Parque Urbano Integrado Elso Pilau, municipio de Girua–RS. 2008. 123 f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.
ROSA, J.C.S.; SANTOS, S.I.A.; PEREIRA, D.C. O acúmulo de lixo no aglomerado da serra: uma visão de comunidades do entorno do Parque Municipal das Mangabeiras. Revista Sinapse Ambiental, v. 7, p. 27-45, 2010.
ROPPA, C. et al. Diagnóstico da percepção dos moraJdores sobre a arborização urbana na Vila Estação Colônia – Bairro Camobi, Santa Maria – RS. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, v. 2, p. 21-33, 2007.
SALES, G.P.S.; ALBUQUERQUE, H.N.; CAVALCANTE,
M.L. Estudo do uso de plantas medicinais pela comunidade quilombola Senhor do Bonfim – Areia – PB. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 1, p. 31-36, 2009.
SEMEDO, R.J.C.G.; BARBOSA, R.I. Árvores frutíferas nos quintais urbanos de Boa Vista, Roraima, Amazônia brasileira. Acta Amazônica, v. 4, p. 497-504, 2007.
SILVA, A.J.R.; ANDRADE, L.H.C. Etnobotânica nordestina: estudo comparativo da relação entre comunidades e vegetação na Zona do Litoral – Mata do Estado de Pernambuco, Brasil. Acta bot. bras., v. 19, p. 45-60, 2005.
SILVA, D.F.; VASCONCELOS, S.D. Flebotomíneo em fragmentos de Mata Atlântica na Região Metropolitana do Recife, PE. Rev. Soc. Bras. Med. Trop., v. 38, n. 3, p. 264-266, 2005.
SILVA, G.S.; CRUZ, M.M. Comportamento e composição de um grupo de Callithrix jacchus Erxleben (Primates, Callitrichidae) na mata de Dois Irmãos, Recife, Pernambuco, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, v. 10, p. 509-520, 1993.
SILVA, J.M.C.; TABARELLI, M. Tree species impoverishment and the future flora of the Atlantic forest of northeast Brazil. Nature, v. 4, p. 72-74, 2000.
SIMULA, M. Trade and environmental issues in forest production. In: KEIPI, K. (Ed.). Forest resource policy in Latin America. Washington, D.C.: Inter-American Development Bank, 1999. v. 1, p. 195-230.
SOEMARWOTO, O. Home gardens: a traditional agroforestry system with a promising future. In: STEPPLER, H.A; NAIR, P.K.R. (Ed.). Agrofrestry: a decade of development. Nairobi: ICRAF, 1987. v. 1, p. 157-170.
SOUZA, G.S. et al. Diatomáceas indicadoras de paleoambientes do Quaternário de Dois Irmãos, Recife, PE, Brasil. Acta bot. bras., v. 3, p. 521-529, 2007.
SOUZA, A.C.R; ALMEIDA Jr., E.B; ZICKEL, C.S. Riqueza de espécies de sub-bosque em um fragmento florestal urbano, Pernambuco, Brasil. Biotemas, v. 22, p. 57-66, 2009.
TABARELLI, M. et al. Fragmentação e perda de habitat na Floresta Atlântica ao norte do Rio São Francisco. In: FILHO, J.A.S; ELTON, M.C.L. (Org.). Fragmentos de Mata Atlântica do Nordeste: biodiversidade, conservação e suas bromélias. Rio de Janeiro: Andrea Jacobsson Estúdio Editorial, 2006. v. 1, p. 80-99.
TERBORGH, J. Maintenance of biodiversity in tropical forest. Biotropica, v. 24, p. 283-292, 1992.
TUAN, Y. F. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. New Jersey: DIFEL, 1980. v. 3, 288 p.
VENDRAMETTO, L.P. Educação ambiental em unidades de conservação: um estudo de caso na Área de Proteção Ambiental de Sousas e Joaquim Egídio. 2004. 108 f. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais) – Programa de Pós-Graduação em Recursos Florestais, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba.
VILANOVA, S.R.F.; MAITELLI, G.T. A importânciada conservação de áreas verdes remanescentes no Centro Político Administrativo de Cuiabá–MT. Revista UNICiências, v. 13, p. 55-71, 2009.
WINKLERPRINS, A.M.G.A. House-lot gardens in Santarém, Pará, Brazil: linking rural with urban. Urban Ecosystems, v. 6, p. 43-65, 2002.