BALANÇO HÍDRICO DE LONGO PRAZO EM MICROBACIAS NA MATA ATLÂNTICA NO SUDESTE DO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.24278/2178-5031.202234102Palavras-chave:
Deflúvio, Evapotranspiração, Precipitação, Cobertura florestalResumo
A Mata Atlântica abastece milhões de pessoas com água de boa qualidade. Estudos de longo prazo de suas microbacias hidrográficas são essenciais para o entendimento dos processos hidrológicos envolvidos. Um estudo do balanço hídrico anual em microbacias do Laboratório de Hidrologia Florestal Walter Emmerich (LHFWE), no Parque Estadual da Serra do Mar, São Paulo, foi realizado durante um período de 20 anos (microbacia A), 26 anos (microbacia B) e 30 anos (microbacia D). Foi utilizada a equação hidrológica fundamental P = Q + ET ± ∆S. A precipitação (P) foi medida com pluviômetros de básculas instalados em clareiras no interior da floresta. O deflúvio (Q) foi medido em estações fluviométricas equipadas com linígrafos. A variação no armazenamento de água no solo (∆S) foi considerada igual a zero. A evapotranspiração (ET) foi calculada pela diferença entre P e Q. A precipitação média anual das microbacias foi elevada, com média de 1960 mm e ampla variabilidade interanual. O Deflúvio médio foi de 1432 mm, correspondendo a 73% da precipitação, indicando notável produção de água nas microbacias. A evapotranspiração média anual foi de 32,2% para a microbacia A, 24,5% para a microbacia B e 24,4% para a microbacia D. Esses percentuais são menores do que os obtidos em estudos realizados em outras florestas tropicais, incluindo o bioma Mata Atlântica.
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