AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA MATRIZ NA CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE: EFEITOS EM UMA FLORESTA TROPICAL SEMIDECIDUAL NA REGIÃO SUDESTE DO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.24278/2178-5031.202234103Palavras-chave:
Remanescente florestal, Efeito de borda, Proteção florestal, Uso do solo, MatrizResumo
O processo de desmatamento resulta em um grande arquipélago de pequenos fragmentos florestais isolados uns dos outros. Isso é especialmente importante na Mata Atlântica, um bioma com grande ocupação antrópica e que foi severamente desmatado. Dada tal situação, é necessário verificar os efeitos que as diferentes matrizes podem exercer sobre estes remanescentes. Neste estudo verificamos o efeito que as matrizes de cana-de-açúcar, pastagem e Eucalyptus podem causar sob os remanescentes florestais. Hipotetizou-se que a monocultura do Eucalyptus poderia proteger os fragmentos devido ao seu tamanho e longevidade. Os fragmentos avaliados apresentaram claros sinais de efeito de borda. Os fragmentos florestais circundados por interface de Eucalyptus apresentaram maior riqueza de espécies, menor dominância e menor incidência de espécies pioneiras, indicando um maior grau de proteção e estágio mais avançado de sucessão. Desta maneira, o uso de árvores na matriz circundante de fragmentos pode ser implementado para fornecer uma condição florestal estável e contínua, aumentando a proteção desses remanescentes com benefícios ecológicos.
Downloads
Referências
ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP - APG. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 181, n. 1, p. 1-20, 2016.
ARRUDA, L.; DANIEL, O. Florística e diversidade em um fragmento de Floresta Estacional Semidecidual Aluvial em Dourados, MS. Floresta,v. 37, n. 2, p. 187-199, 2007.
BERNARDES, M.S.; PINTO, L.F.G.; RIGHI, C.A. Interações biofísicas em sistemas agroflorestais, In: PORRO, R. (Org.). Alternativa agroflorestal na Amazônia em transformação. 1 ed. Brasília/DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2009. p. 453-476.
BOURSCHEID, K.; REIS, A. Dinâmica da invasão de Pinus elliottii Engelm. em restinga sob processo de restauração ambiental no Parque Florestal do Rio Vermelho, Florianópolis, SC. Biotemas, v. 23, n. 2, p. 23-30, 2010.
BRANCALION, P. et al. Exotic eucalypts: From demonized trees to allies of tropical forest restoration? Journal of Applied Ecology, v. 57, n. 1, p. 55-56. 2019.
BUDOWSKY, G. Distribution of tropical american rain forest species in the light of sucessional processes. Turrialba, v. 15, n.1, p. 40-42. 1965.
CALEGARIO, N. et al. Parâmetros florísticos e fitossociológicos da regeneração natural de espécies arbóreas nativas no sub-bosque de povoamentos de Eucalyptus. Revista Árvore, v. 17, n. 1, p. 16-29, 1993.CAPPELATTI, J.L.; SCHMITT, J.L. Caracterização da flora arbórea de um fragmento urbano de floresta estacional semidecidual no Rio Grande do Sul, Brasil. Pesquisas, Botânica, v. 60, p. 341-354, 2009.
CARVALHO, D.F. Café, ferrovias e crescimento populacional: o florescimento da região noroeste paulista. Histórica, v. 27, 2007. 07 p. Available in: <http://www.historica.arquivoestado.sp.gov.br/materias/anteriores/edicao27/materia02/>. Accessed on: 9 May 2020.
FANTINI, A.C.; RIBEIRO, R.J.; GURIES, R.P. Produção de palmito (Euterpe edulis Martius -Arecaceae) na floresta ombrófila densa: potencial, problemas e possíveis soluções. Sellowia, v. 49, n. 52, 256-80. 2000.
FEYERA, S.; BECK, E.; LÜTTGE, U. Exotic trees as nurse-trees for the regeneration of tropical
forests. Tree, v. 16, p. 245-249, 2002.
FLORA DO BRASIL. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 2020. Available at: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Accessed on: 10 May 2020.
FORZZA, R.C. et al. New Brazilian Floristic List Highlights Conservation Challenges. BioScience, v. 62, n. 1, p. 39–45. 2012.
GABRIEL, V.A. et al. A importância das plantações de eucalipto na conservação da biodiversidade. Pesquisa Florestal Brasileira. v. 33, n. 74, p. 203-213, 2013.
GAEM-BARBOSA, P.H., et al. Tree structure of a small native fragment as an aid to conservation of urban green areas in Salto de Pirapora, São Paulo, Brazil. Holos Environment, v. 17, p. 215-222, 2017.
GASCON, C.; WILLIAMSON, G.B.; FONSECA, G.A.B. Receding Forest Edges and Vanishing Reserves. Science, v. 288, n. 5470, p. 1356-1358, 2000.
GEORGE, D.; MALLERY, P. SPSS for Windows Step by Step: A Simple Guide and References. Needhan Heights: Allyn & Bacon, 2010. 357 p.
GIULIETTI, A.M. et al. Biodiversidade e conservação das plantas no Brasil. Megadiversidade, v. 1, n. 1, 2005GUISARD, D.M.P.; KUPLICH, T.M. Fragmentação da cobertura florestal no município de São José dos Campos (SP) entre 1973 e 2004. Geografia, v. 33, n. 2, p. 319-329, 2008.
HAMMER, Ø.; HARPER, D.A.T.; RYAN, P.D. PAST: Paleontological Statistics software package for education and data analysis. Paleontologia Electronica, v. 4, n. 1, 2001.
HARPER, K.A., et al. Edge influence on forest structure and composition in fragmented landscapes. Conservation Biology, v. 19, n. 3, p. 768-782, 2005.
HERRMANN, B.C.; RODRIGUES, E.; LIMA, A. A paisagem como condicionadora de bordas de fragmentos florestais. Floresta, v. 35, n. 1, p. 13-22, 2005.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE, Manual técnico da vegetação brasileira: sistema fitogeográfico, inventário das formações florestais e campestres, técnicas e manejo de coleções botânicas, procedimento para mapeamento. Rio de Janeiro: Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, 2. ed. revisto e ampliado. 2012, 272 p.
_____. Manual técnico de pedologia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais, 2015. 430 p.
INSTITUTO DE PESQUISAS E PLANEJAMENTO DE PIRACICABA – IPPLAP. Cadus 7 - Ordenamento territorial: macrorregiões de desenvolvimento sócio-econômico-espacial. Piracicaba, 2014. 75 p.
JOLY, C.A.; METZGER, J.P.; TABARELLI, M. Experiences from the Brazilian Atlantic Forest: ecological findings and conservation initiatives. New Phytologist, v. 204, n. 3, p. 459-473, 2014.
KOTTEK, M. et al. World Map of the KöppenGeiger climate classification updated. Meteorologische Zeitschrift, v. 15, n. 3, p. 259-263, 2006.
KRAMER, E.A. Measure landscape changes in remnant tropical dry forests. In: LAURANCE, W.F.; BIERREGAARD, R.O. (Eds.). Tropical forest remnants: ecology, management and conservation of fragmented communities. London: The Univer. Chicago Press. 1997. 616 p.LAURANCE, W.F. Conserving the hottest of the hotspots. Biological Conservation, v. 142, n. 6, p. 1137, 2009. (Editorial).
LABORATÓRIO DE PROCESSAMENTO DE IMAGENS E GEOPROCESSAMENTO - LAPIG. Available in: <https://www.lapig.iesa.ufg.br/lapig/>. Accessed 14 June 2017.
LOBATO, M. A onda verde. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2008. 136 p.
LOPES, S.F. et al. An Ecological Comparison of Floristic Composition in Seasonal Semideciduous Forest in Southeast Brazil: Implications for Conservation. International Journal of Forestry Research, v. 12, (Article ID 537269), 14 p. 2012.
LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum. 1992. 352 p.
MEIRA-NETO, J.A.A.; MARTINS, F. Estrutura da Mata da Silvicultura, uma floresta estacional semidecidual montana no município de ViçosaMG. Revista Árvore, v. 24, n. 2, p. 151-160, 2000.
MELO, A.C.G.; DURIGAN, G.; GORENTEIN, M.R. Efeito do fogo sobre o banco de sementes em faixa de borda de Floresta Estacional Semidecidual, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 21, n. 4, p. 927-934, 2007.
METZGER, J.P. Tree functional group richness and landscape structure in Brazilian tropical fragmented landscape. Ecological Applications, v. 10, n. 4, p. 1147-1161, 2000.
_____. Como restaurar a conectividade de paisagens fragmentadas? In: KAGEYAMA, P.Y.et al. (Ed.). Restauração Ecológica de Ecossistemas Naturais. Botucatu: FEPAF, 2003. p. 49-76.
MURCIA, C. Edge Effects in Fragmented Forests Implications for Conservation. Tree, v. 10, n. 2, p. 58-62, 1995.
MYERS, N. et al. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v. 403, n. 6772, p. 853-858, 2000.
NALON, M.A.; MATSUKUMA, C.K.; PAVÃO, M. Inventário Florestal do Estado de São Paulo – 2020: Mapeamento da cobertura vegetal nativa. São Paulo: Instituto Florestal. 2020, 40 p. Available in:<https://smastr16.blob.core.windows.net/home/2020/07/inventarioflorestal2020.pdf>. Acessed on:10 Oct. 2021.
NASCIMENTO, H.E.M. et al. Estrutura e dinâmica de populações arbóreas de um fragmento de floresta estacional semidecidual na região de Piracicaba, SP. Revista Brasileira de Biologia, v. 59, n. 2, p. 329-342, 1998.
OLIVEIRA, G.P.; NAGAMURA, J.C.S. A Experiência do Instituto Ecoar para a cidadania e da Associação Ecoar Florestal na conservação da sociobiodiversidade no Estado de São Paulo. In:
JUNQUEIRA, V.; NEIMAN, Z. (Org.). Educação Ambiental e conservação da biodiversidade. São Paulo: Manole, 2007. p. 235-241.
ONOFRE, F.F.; ENGEL, V.L.; CASSOLA, H. Regeneração natural de espécies da Mata Atlântica em sub-bosque de Eucalyptus saligna Smith. em uma antiga unidade de produção florestal no Parque das Neblinas, Bertioga, SP. Scientia Forestalis, v.
, p. 39-52, 2010.
PADMANABA, M.; CORLETT, R.T. Minimizing risks of invasive alien plant species in tropical production forest management. Forests, v. 5, n. 8, p. 1982-1998, 2014.
PERFECTO, I.; VANDERMEER, J.H.; WRIGHT, A. Nature’s Matrix: Linking agriculture, conservation, and food sovereignty. London: Cromwell Press Group, 2009. 316 p.
PINTO, S.I.C. et al. Estrutura do componente arbustivo-arbóreo de dois estágios sucessionais de florestal estacional semidecidual na Reserva Florestal Mata do Paraíso, Viçosa, MG, Brasil. Revista Árvore, v. 31, n. 5, p. 823-833, 2007.
PIVELLO, V.R. Estudos para a conservação dos recursos biológicos do cerrado – o exemplo da “Gleba Pé-de-Gigante” (Parque Estadual de Vassunuga, Santa Rita do Passo-Quatro, SP).2003. 107 f. Tese (Livre Docência) – Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo, São Paulo.
REIS-DUARTE, R.M. Estrutura da Floresta de Restinga do Parque Estadual da Ilha Anchieta (SP): Bases para Promover o Enriquecimento com Espécies Arbóreas Nativas em Solos Alterados. 230 f. 2004. Tese (Doutorado em Biologia Vegetal) - Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Rio Claro.RIBEIRO, M.C. et al. Brazilian Atlantic forest: how much is left and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biological Conservation, v. 142, n. 6, p. 1141–1153, 2009.
RICHARDSON, D.M.; BOND, W.J. Determinants of plant distribution: evidence from pine invasions. American Naturalist, Chicago. v. 137, n. 5, p. 639-668. 1991.
RICKLEFS, R.E. A Economia da Natureza. 3. ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan S.A., 1996. 470 p.
RIGHI, C.A.; FOLTRAN, D.E. Broomcorn [Sorghum bicolor (L.) Moench] responses to shade: an agroforestry system interface simulation. Agroforestry Systems, v. 92, n. 3, p. 693–704, 2016.
SAMPAIO, R.C.N. Efeito de borda em um fragmento de florestal estacional semidecidual no interior do estado de São Paulo. 2011. 83 f. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) -Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Botucatu.
SARTORI, M.S.; POGGIANI, F.; ENGEL, V.L. Regeneração da vegetação arbórea nativa no subbosque de um povoamento de Eucalyptus saligna Smith. localizado no Estado de São Paulo. Scientia Forestalis, v. 62, p. 86-103, 2002.
SHANNON, C.E.; WEAVER, W. The Mathematical Theory of Communication. Urbana: University of Illinois Press. 1949. 144 p.
SILVA JR., M.C.; SCARANO, F.R.; CARDEL, F.S. Regeneration of an Atlantic Forest Formation in the Understorey of a Eucalyptus grandis Plantation in South-Eastern Brazil. Journal of Tropical Ecology, v. 11, n. 1, p. 147-152, 1995.
SILVA, M.A.; RODRIGUES, M.M.; RIGHI, C.A. Cobertura de lianas no dossel florestal e seus efeitos sobre a regeneração de espécies arbóreas. Revista do Instituto Florestal, v. 28, n. 1, p. 37-47, 2016.
SOBRAL, M. et al. Myrtaceae. In: Lista das Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 2015. Available in:<http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB24034>. Accessed on: 27 Feb. 2018.
SOBRINHO, F.A.P. et al. Composição florística e estrutura de um fragmento de floresta estacional Semidecidual aluvial em Viçosa (MG). Floresta, v. 39, n. 4, p. 793-805, 2009.
SOUBIHE SOBRINHO, J.; GURGEL, J.T.A. Taxa de panmixia na goiabeira (Psidium guajava L.). Bragantia, v. 21, n. 2, p. 15 – 20, 1962.
TABARELLI, M. et al. Prospects for biodiversity conservation in the Atlantic Forest: lessons for aging human-modified landscapes. Biological Conservation, n.143, p. 2328–2340, 2010.
TAYLOR, P.D. et al. Connectivity is a vital element of landscape structure. Oikos, v. 68, n. 3, p. 571-573, 1993.
TONHASCA JR., A. Ecologia e história natural da Mata Atlântica. Rio de Janeiro: Interciência, 2005, 198 p.
VALENTE, R.O.A. Análise da Estrutura da Paisagem na Bacia do Rio Corumbataí, SP. 2001. 144 f. Dissertação (Mestrado em Recursos Florestais). Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba.
VANDERMEER, J.H. The ecology of agroecosystems. Sudbury: Jones and Bartlett Publishers. 2011, 396 p.
VETTORAZZI, C.A.; FERRAZ, S.F.B. Uso de sistemas de informações geográficas aplicados à prevenção e combate a incêndios em fragmentos florestais. Série Técnica IPEF, v. 12, n. 32, p. 111-115, 1998.
VILLANI, J.P. Zona de amortecimento do Parque Estadual da Serra do Mar – Núcleo Santa Virgínia: subsídio ao manejo sustentável dos fragmentos de Mata Atlântica. 2007. 81 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Ambientais) –Universidade de Taubaté, Taubaté.
ZANCHETTA, D.; PINHEIRO, L.S. Análise biofísica dos processos envolvidos na invasão biológica de sementes de Pinus elliottii na Estação Ecológica de Itirapina – SP e alternativas de manejo. Climatologia e Estudos da Paisagem, v. 2, n. 1, p.72, 2007.
_____.; DINIZ, F.V. Estudo da contaminação biológica por Pinus spp. em três diferentes áreas na Estação Ecológica de Itirapina (SP, Brasil). Revista do Instituto Florestal, v. 18, n. 1, p. 1-14, 2006.
ZAR, J. H. Biostatistical Analysis. 4th ed. New Jersey: Prentice Hall, 1999. 663 p.
ZVIEJKOVSKI, I.P. et al. Potencial invasor de Psidium guajava em um intervalo de cinco anos (2002 - 2007) dentro de uma Unidade de Conservação, In: CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, 9., 2009, São Lourenço. Anais... São Lourenço: SBE, 2009. p. 1-3.
WERNECK, M.S. Distribution and endemism of angiosperms in the Atlantic Forest. Natureza & Conservação, v. 9, p. 188-193, 2011.
WORLD WIDE FUND - WWF BRAZIL. Available in: <http://www.wwf.org.br/wwf_brasil/>. Acessed on: 14 Jan. 2015
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.