PH E UMIDADE DO SOLO NÃO EXPLICAM A MONTAGEM DA COMUNIDADE VEGETAL DE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL EM REGENERAÇÃO APÓS SILVICULTURA

Autores

  • Carla Daniela Câmara Universidade Tecnológica Federal do Paraná
  • Roque Cielo Filho Instituto Florestal
  • Vanda dos Santos Silva Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo
  • Zoraide Azevedo

DOI:

https://doi.org/10.24278/2178-5031.201931101

Palavras-chave:

Filtro abiótico, Mata Atlântica, Regeneração forestal, Sucessão secundária

Resumo

A foresta estacional semidecidual constitui uma das formações mais impactadas na Mata Atlântica, demandando informações ecológicas para sua restauração. O presente trabalho objetivou avaliar se a composição forística e a estrutura (diâmetro médio, altura média e número de indivíduos) da vegetação de estádio sucessional inicial em foresta estacional semidecidual são infuenciadas pelo pH e umidade atual do solo em escala local. A amostragem sistemática consistiu em 34 parcelas de 10 m2 cada instaladas em 2,25 ha de vegetação regenerante em área anteriormente ocupada por plantação forestal que sofreu corte raso em 2009. Os indivíduos com diâmetro do caule igual ou maior que 1 cm a uma altura de 0,8 m foram medidos em altura e perímetro, coletados e identifcados. Amostras de solo foram coletadas na profundidade de 0-20 cm para determinação do pH e da umidade. Foram contabilizados 364 indivíduos pertencentes a 62 espécies e 27 famílias. As espécies mais abundantes foram Casearia sylvestris Sw. Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Maccbr. e Croton foribundus Spreng.. A porção superior da vertente apresentou maior acidez e menor umidade. Análises de Correspondência Canônica e correlações de Spearman revelaram ausência de correlação signifcativa entre as variáveis edáfcas e, respectivamente, a composição forística e a estrutura da vegetação. Conclui-se que a montagem da comunidade não foi infuenciada pelo pH e umidade atual do solo, variáveis ambientais que ordinariamente se destacam na montagem de comunidades maduras, sugerindo que as características do solo analisadas podem não constituir fltros ambientais importantes nos estádios sucessionais iniciais.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Zoraide Azevedo

Bolsista de Iniciação Científca CNPq/PIBIC – IF.

Referências

ANGIOSPERM PHYLOGENY GROUP IV - APG IV. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classifcation for the orders and families of fowering plants: APG IV. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 181, p.1–20, 2016.

ARONSON J.; DURIGAN, G.; BRANCALION, P.H.S. Conceitos e defnições correlatos à ciência e à prática da restauração ecológica. IF Série Registros, v.44, p. 1-38, 2011.

BOTREL, R.T. et al. Infuência do solo e topografa sobre as variações da composição forística e estrutura da comunidade arbórea-arbustiva de uma foresta estacional semidecidual em Ingaí, MG. Revista Brasileira de Botânica, v. 25, p. 195-213, 2002.

CAMARGOS, V.L.D. et al. Infuência de fatores edáfcos sobre variações forísticas na Floresta Estacional Semidecídua no entorno da Lagoa

Carioca, Parque Estadual do Rio Doce, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 22, n. 1, p. 75-84, 2008.

CARVALHO, D.A.C. et al. Variações forísticas e estruturais do componente arbóreo de uma foresta ombófla alto-montana às margens do rio Grande, Bocaina de Minas, MG, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v. 19, p. 91-109, 2005.

CIELO-FILHO, R.; SOUZA, J.A.D. Assessing passive restoration of an Atlantic Forest site following a Cupressus lusitanica Mill. plantation clearcutting. Ciência Florestal, v. 26, n. 2, p. 475-488, 2016.

CORRÊA, G.F. Modelo de evolução e mineralogia da fração argila de solos do Planalto de Viçosa. 1983. 87 f. Dissertação (Mestrado em Solos e Nutrição de Plantas) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.

DICK, G.; SCHUMACHER, M.V. Relações entre solo e ftofsionomias em forestas naturais. Ecologia e Nutrição Florestal, v.3, n.2, p.31-39, 2015.

DURIGAN, G.; SUGANUMA, M.S.; MELO, A.C.G. Valores esperados para atributos de forestas ripárias em restauração em diferentes idades. Scientia Forestalis, v. 44, n. 110, p. 463-474, 2016.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Manual de Métodos de Análise de Solo. Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 2011. 230 p

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA - EMBRAPA. Sistema Brasileiro de Classifcação de Solos. 5. ed., rev. e ampl. − Brasília, DF: Embrapa Solos, 2018. E-book, no formato ePub, convertido do livro impresso.

ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY - EPA. SW-846 Manual. Disponível em: <http://www.epa.gov/epaoswer/hazwaste/test/main.htm#table>. Acesso em: 10 mar. 2016.

FIDALGO, O.; BONONI, V.L.R. (Coord.). Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. São Paulo: Instituto de Botânica: Imprensa Ofcial do Estado de São Paulo, 1989. 62 p.

FLORA BRASILEIRA 2020 EM CONSTRUÇÃO. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://foradobrasil.jbrj.gov.br/ >. Acesso em: 10 jul. 2017.

FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA; INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. Atlas dos remanescentes forestais da Mata Atlântica, período de 2000 a 2005. 2008. Disponível em: <http://www.sosmatatlantica.org.br>. Acesso em: 04 ago. 2017.

GILMAN, A.C. et al. Recovery of foristic diversity and basal area in natural forest regeneration and planted plots in a Costa Rican wet forest. Biotropica,v. 48, n. 1, p. 798–808, 2016.

HIGUCHI, P. et al. Infuência de variáveis ambientais sobre o padrão estrutural e forístico do componente arbóreo, em um fragmento de Floresta Ombrófla Mista Montana em Lages, SC. Ciência Florestal, v. 22, n. 1, p. 79-90, 2012.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira: sistema ftogeográfco, inventário das formações forestais e campestres, técnicas e manejo de coleções botânicas, procedimento para mapeamento. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE – Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais,2012. 272 p.

JOHN, R. et al. Soil nutrients influence spatial distributions of tropical tree species. Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 104, p. 864–869, 2007.

LEGENDRE, P. et al. Partitioning betadiversity in a subtropical broadleaved forest of China. Ecology, v. 90, p. 663–674, 2009.

LEPSCH, I.F. 19 lições de Pedologia. São Paulo: Ofcina de Textos, 2011. 456 p.

LIN, G. et al. Separating the effects of environment and space on tree species distribution: from population to community. PLoS ONE, v. 8, n. 2, 2013. Disponível em: <https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0056171>. Acesso em: 04 mar. 2019.

MAGNAGO, L.F.S. et al. Os processos e estágios sucessionais da mata atlântica como referência para a restauração forestal. In: MARTINS, S.V. (Ed): Restauração ecológica de sistemas degradados. Viçosa, MG: Ed. UFV, 2012. p. 69-100.

MARTINS, S. V. et al. Caracterização do dossel e do estrato de regeneração natural no sub-bosque e em clareiras de uma Florestal Estacional Semidecidual no município de Viçosa, MG. Revista Árvore, v. 32, n. 4, p. 759-767, 2008.

MARTINS, S.V.; RODRIGUES, R.R. Gap-phase regeneration in a semideciduous mesophytic forest, south-eastern Brazil. Plant Ecology, v. 163, n. 1, p. 51-62, 2002.

McCUNE, B.; GRACE, J.B. Analysis of ecological communities. Gleneden Beach: MjM Software, 2002. 300 p.

McCUNE, B.; MEFFORD, M.J. PC-ORD. Multivariate analysis of ecological data. Version 5.0. Gleneden Beach: MjM Software, 1999.

MYERS, N. et al. Biodiversity hotspots for conservation priorities. Nature, v.403, p.853-858, 2000.

PUIG, H. A foresta tropical úmida. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 2008. 476 p.

RAMOS, V.S. et al. Árvores da Floresta Estacional Semidecidual: Guia de identifcação de espécies. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008. 312 p.

RIBEIRO, M.C. et al. The Brazilian Atlantic Forest: how much is left, and how is the remaining forest distributed? Implications for conservation. Biological Conservation, v. 142, n. 6, p. 1141-1153, 2009.

SENTELHAS, P.C. et al. BHBRASIL: Balanços hídricos climatológicos de 500 localidades brasileiras. Disponível em: <http://www.leb.esalq.usp.br/leb/nurma.html>. Acesso em: 03 nov. 2017.

SOUZA, J.S. et al. Análise das variações forísticas e estruturais da comunidade arbórea de um trecho de foresta semidecídua às margens do Rio Capivari, Lavras, MG. Revista Árvore, v. 27, p. 185-206, 2003.

TABARELLI, M. et al. Desafos e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira. Megadiversidade, v. 1, n. 1, p. 132-138, 2005.

VAN RAIJ, B. Fertilidade do solo e manejo de nutrientes. Piracicaba: International Plant Nutrition Institute, 2011. 420 p.

VIANA, V.M. et al. Dynamics and restoration of forest fragments in the Brazilian Atlantic Moist forest. In: LAURENCE, W.F.; BIERREGAARD Jr., R.O. (Ed.). Tropical forest remnants: ecology, management and conservation of fragmented communities. Chicago: The University of Chicago Press, 1997. p. 351-365.

WALKER, L.R.; WALKER, J.; HOBBS, R.J. (Eds.). Linking restoration and ecological succession. New York: Springer, 2007. 190 p.

YANG, Q.S. et al. Detangling the effects of environmental fltering and dispersal limitation on aggregated distributions of tree and shrub species: life stage matters. PLoS ONE, v. 11, n. 5, 2016. Disponível em:<https://journals.plos.org/plosone/articleid=10.1371/journal.pone.0156326>. Acesso em: 04 mar. 2019.

ZAR, J.H. Biostatistical analysis. New Jearsey: Prentice Hall, 1999. 663 p.

ZHAO, L. et al. Effects of topographic and soils factors on wood species assembly in a Chinese Subtropical Evergreen Broadleaved Forest. Forests, v. 6, n. 3, p. 650-669, 2015.

Downloads

Publicado

2019-01-27

Como Citar

CÂMARA, C. D.; CIELO FILHO, R.; SILVA, V. dos S.; AZEVEDO, Z. PH E UMIDADE DO SOLO NÃO EXPLICAM A MONTAGEM DA COMUNIDADE VEGETAL DE FLORESTA ESTACIONAL SEMIDECIDUAL EM REGENERAÇÃO APÓS SILVICULTURA. Revista do Instituto Florestal, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 7–20, 2019. DOI: 10.24278/2178-5031.201931101. Disponível em: https://rif.emnuvens.com.br/revista/article/view/80. Acesso em: 26 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos Científicos