DIETA DE PSITACÍDEOS EM ÁREA URBANA DE SÃO PAULO, SUDESTE DO BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.24278/rif.2025.37e969Resumo
Embora algumas espécies de psitacídeos tenham se adaptado a ambientes urbanizados, ainda são escassos estudos sobre esse tema. Este estudo teve como objetivo quantificar a dieta de psitacídeos em área urbana da cidade de São Paulo, Brasil, englobando a amplitude trófica e a sobreposição alimentar. As observações ocorreram no campus da Universidade de São Paulo, em trajeto de 6 km, durante três anos (junho/2022-maio/2025), totalizando 933,4 h de observação. Os eventos de alimentação foram documentados exclusivamente por fotografias, garantindo precisão na identificação das espécies envolvidas e das interações. Foram registrados 2929 eventos de alimentação envolvendo seis espécies de psitacídeos e 83 itens alimentares, dos quais 79 eram espécies de plantas, majoritariamente arbóreas (74). Brotogeris tirica, Diopsittaca nobilis e Amazona aestiva concentraram 97% dos eventos. As amplitudes de nicho trófico foram baixas para as espécies com maior número de registros, predominando o consumo de sementes, frutos e néctar de poucas espécies. A sobreposição alimentar foi baixa, exceto entre as espécies de Brotogeris. Os psitacídeos exploram ampla variedade de recursos alimentares, tanto de plantas nativas quanto exóticas. Contudo, 59,5% das espécies vegetais consumidas eram nativas, correspondendo a 67,7% dos eventos, sugerindo a relevância das espécies regionais na arborização urbana. A utilização de exóticas sugere plasticidade adaptativa dos psitacídeos. Houve sazonalidade na dieta, com maior exploração de flores em períodos secos, podendo refletir flexibilidade comportamental frente à disponibilidade temporal de recursos. Este estudo contribui para o conhecimento da ecologia alimentar de psitacídeos em cidades e subsidia o planejamento de suas áreas verdes.
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