COMPARAÇÃO DE ASPECTOS FENOLÓGICOS E DE FRUGIVORIA ENTRE A PALMEIRA NATIVA Euterpe edulis Mart. E A PALMEIRA EXÓTICA Phoenix roebelenii O’Brien (ARECACEAE) NO SUDESTE DO BRASIL

Autores

  • Taís Omote Instituto Florestal
  • Alexsander Zamorano Antunes Instituto Florestal
  • Ciro Koiti Matsukuma Instituto Florestal

DOI:

https://doi.org/10.4322/rif.2014.013

Palavras-chave:

Aves, invasão biológica, mata atlântica

Resumo

A dispersão de sementes de vegetais exóticos por animais nativos é um dos fatores associados a invasões biológicas. Visando colaborar para maior compreensão sobre o estabelecimento dessa relação, os objetivos do presente trabalho foram comparar os padrões fenológicos de frutificação e caracterizar a assembleia de aves visitantes de duas palmeiras, a nativa Euterpe edulis e a exótica Phoenix roebelenii no Parque Estadual Alberto Löfgren. Phoenix roebelenii é originária do sudeste da Ásia, frequentemente utilizada no paisagismo urbano, e apresenta-se disseminada no sub-bosque florestal do Parque Estadual Alberto Löfgren. Contudo, ela não é considerada uma espécie invasora em território brasileiro. Os padrões fenológicos de 30 indivíduos adultos de cada espécie de palmeira foram acompanhados mensalmente entre abril de 2012 e março de 2014. A caracterização das assembleias de aves visitantes foi obtida por meio de observação focal. As palmeiras diferiram em seus padrões fenológicos apresentando sobreposição parcial na fenofase frutos maduros, mas não em seus picos de frutificação. Considerando-se apenas os dispersores em potencial de ambas as espécies, observou-se que aves distintas foram responsáveis pelas maiores taxas de consumo de frutos obtidas para cada uma das palmeiras. Os dados do presente trabalho sugerem que a palmeira exótica se tornou importante fonte de alimento para aves nativas nessa unidade de conservação, e que em decorrência dessa interação ocorre a dispersão de sementes, a qual provavelmente contribui para o recrutamento bem-sucedido dessa planta no local, o que justificaria o desenvolvimento de pesquisas sobre o impacto do seu estabelecimento sobre as espécies vegetais nativas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ANTUNES, A.Z.; ESTON, M.R. Avifauna do Parque Estadual Alberto Löfgren-São Paulo: diagnóstico e propostas para a conservação. Revista do Instituto Florestal, v. 20, n. 2, p. 195-211, 2008.

AYRES, M. et al. BioEstat 5.0: aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Belém: Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, 2008. 364 p.

BENCKE, G.A. et al. (Org.). Áreas importantes para a conservação das aves no Brasil. Parte I – Estados do Domínio da Mata Atlântica. São Paulo: SAVE Brasil, 2006. 494 p.

BUCKLEY, Y.M.; HAN, Y. Managing the side effects of invasion control. Science, v. 344, n. 6187, p. 975-976, 2014.

CASTRO, E.R. et al. Temporal variation in the abundance of two species of thrushes in relation to fruiting phenology in the Atlantic rainforest. Emu, v. 112, n. 2, p. 137-148, 2012.

CERISOLA, C.M.; ANTUNES, A.Z.; PORT-CARVALHO, M. Consumo de frutos de Euterpe edulis Martius (Arecaceae) por vertebrados no Parque Estadual Alberto Löfgren, São Paulo, Sudeste do Brasil. IF Série Registros, n. 31, p. 167-171, 2007.

COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS – CBRO. Listas das aves do Brasil. 11. ed. versão 01/01/2014. Disponível em: . Acesso em: 6 ago. 2014.

DAVIS, M.A. et al. Don’t judge species on their origins. Nature, v. 474, n. 7350, p. 153-154, 2011

DISLICH, R.; KISSER, N.; PIVELLO, V.R. A invasão de um fragmento florestal em São Paulo (SP) pela palmeira australiana Archontophoenix cunninghamiana H. Wendl. & Drude. Revista Brasileira de Botânica, v. 25, n. 1, p. 55-64, 2002.

DURIGAN, G. et al. Control of invasive plants: ecological and socioeconomic criteria for the decision making process. Natureza & Conservação, v. 11, n. 1, p. 23-30, 2013.

FADINI, R.F. et al. Effects of frugivore impoverishment and seed predators on the recruitment of a keystone palm. Acta Oecologica, v. 35, n. 2, p. 188-196, 2009.

FONSECA, F.Y.; ANTUNES, A.Z. Frugivoria e predação de sementes por aves no Parque Estadual Alberto Löfgren, São Paulo, SP. Revista do Instituto Florestal, v. 19, n. 2, p. 81-91, 2007.

GALETTI, M.; ZIPARRO, V.B.; MORELLATO, P.C. Fruiting phenology and frugivory on the palm Euterpe edulis in a lowland Atlantic Forest of Brazil. Ecotropica, v. 5, n. 2, p. 115-122, 1999.

______.; LAPS, R.; PIZO, M.A. Frugivory by toucans (Ramphastidae) at two altitudes in the Atlantic Forest of Brazil. Biotropica, v. 32, n. 4b, p. 842-850, 2000.

______. et al. Functional extinction of birds drives rapid evolutionary changes in seed size. Science, v. 340, n. 6136, p. 1086-1090, 2013.

GOSPER, C.R.; STANSBURY, C.D.; VIVIAN-SMITH, G. Seed dispersal of fleshy-fruited invasive plants by birds: contributing factors and management options. Diversity and Distributions, v. 11, n. 6, p. 549-558, 2005.

HOWE, H.F. Fear and frugivory. American Naturalist, v. 114, n. 6, p. 925-931, 1979. INSTITUTO HÓRUS. Base de dados nacional de espécies exóticas invasoras. Florianópolis I3N Brasil: Instituto Hórus de Desenvolvimento e Conservação Ambiental. Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2014.

INSTITUTO NACIONAL DE METEOROLOGIA – INMET. BDMEP – Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa. Disponível em: . Acesso em: 16 abr. 2014.

INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE – IUCN. IUCN red list of threatened species. Cambridge: IUCN Species Survival Commission. Disponível em: . Acesso em: 26 set. 2014.

IOSSI, E. et al. Maturação fisiológica de sementes de Phoenix roebelenii O’Brien. Revista Brasileira de Sementes, v. 29, n. 1, p. 147-154, 2007

LEHNER, P. Handbook of ethological methods. New York: Garland STPM, 1979. 403 p.

LORENZI, H. et al. Palmeiras brasileiras e exóticas cultivadas. Nova Odessa: Plantarum, 2004. 416 p. MAGURRAN, A. E. Ecological diversity and its measurement. Princeton: Princeton University Press, 1988. 179 p.

MARTINELLI, G.; MORAES, M.A. (Org.). Livro vermelho da flora do Brasil. Rio de Janeiro: Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 2013. 1100 p.

McNEELY, J.A.; NEVILLE, L.E.; REJMÁNEK, M. When is eradication a sound investment? Conservation in Practice, v. 4, n. 1, p. 30-31, 2003.

MENGARDO, A.L.; PIVELLO, V.R. Phenology and fruit traits of Archontophoenix cunninghamiana, an invasive palm tree in the Atlantic forest of Brazil. Ecotropica, v. 18, n. 1, p. 45-54, 2012.

______. et al. Comparing the establishment of an invasive and an endemic palm species in the Atlantic rainforest. Plant Ecology and Diversity, v. 5, n. 3, p. 345-354, 2012.

ROSE, S. Influence of suburban edges on invasion of Pittosporum undulatum into the bushland of northern Sydney, Australia. Australian Journal of Ecology, v. 22, n. 1, p. 89-99, 1997.

SÃO PAULO (ESTADO). Parque Estadual Alberto Löfgren: Plano de Manejo. São Paulo: Instituto Florestal, 2012. 710 p. Disponível em: . Acesso em: 10 jun. 2014

SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 60.133, de 7 de fevereiro de 2014. Declara as espécies da fauna silvestre ameaçadas, as quase ameaçadas e as deficientes de dados para avaliação no Estado de São Paulo e dá providências correlatas. Diário Oficial do Estado de São Paulo, Poder Executivo, v. 124, n. 27, 8 fev. 2014. Seção I, p. 25-32, 2014.

SCHUPPE, W. Quantity, quality, and the effectiveness of seed dispersal by animals. Vegetatio, v. 107/108, n. 1, p. 15-29, 1993.

SILVA, I.A.; FIGUEIREDO, R.A.; MATOS, D.M.S. Feeding visit time of fruit-eating birds in Cerrado plants: revisiting the predation risk model. Revista Brasileira de Zoologia, v. 25, n. 4, p. 682-688, 2008.

ZONA, S. Additions to “a review of animal-mediated seed dispersal of palms”. 2006. Disponível em: . Acesso em: 16 maio 2014.

ZONA, S.; HENDERSON, A. A review of animal-mediated seed dispersal of palms. Selbyana, v. 11, p. 6-21, 1989

Downloads

Publicado

2014-12-05

Como Citar

OMOTE, T.; ANTUNES, A. Z.; MATSUKUMA, C. K. COMPARAÇÃO DE ASPECTOS FENOLÓGICOS E DE FRUGIVORIA ENTRE A PALMEIRA NATIVA Euterpe edulis Mart. E A PALMEIRA EXÓTICA Phoenix roebelenii O’Brien (ARECACEAE) NO SUDESTE DO BRASIL. Revista do Instituto Florestal, São Paulo, v. 26, n. 2, p. 169–181, 2014. DOI: 10.4322/rif.2014.013. Disponível em: https://rif.emnuvens.com.br/revista/article/view/180. Acesso em: 1 abr. 2025.

Edição

Seção

Artigos Científicos