RIQUEZA, RELEVÂNCIA E ESTRATÉGIAS PARA A CONSERVAÇÃO DE FISIONOMIAS CAMPESTRES DO CERRADO NO HORTO FLORESTAL DE BOTUCATU, SP, BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.24278/2178-5031.201729102Palavras-chave:
campo limpo úmido, campo sujo, formas de vida, levantamento florísticoResumo
As fitofisionomias campestres e as plantas do estrato herbáceo-arbustivo têm sido pouco estudadas em todo o mundo e, pelo seu desconhecimento, poucos esforços têm sido empreendidos em sua conservação. Visando contribuir para preencher esta lacuna, efetuamos a caracterização florística e do espectro biológico das fisionomias campo sujo e campo limpo úmido em um remanescente de vegetação de Cerrado no Horto Florestal de Botucatu, SP. Registramos, no total, 210 espécies, sendo a maioria ervas (61%), seguidas de arbustos (17%) e subarbustos (17%). Espécies arbóreas representam apenas 6% da riqueza da flora local. Apenas 12 espécies foram comuns às duas fisionomias, indicando alta especificidade de habitat (alta diversidade beta). O campo sujo apresentou maior riqueza de espécies e diversidade de formas de vida, mas o número de famílias foi maior no campo úmido. Entre as espécies observadas, seis estão ameaçadas de extinção no estado de SP e no Brasil: Evolvulus fuscus Meisn., Curtia tenuifolia (Aubl.) Knobl., Camarea hirsuta A.St-Hil., Andropogon hypogynus Hack., Richardia stellaris (Cham. & Schltdl.) Steud. e Xyris brevifolia Michx. Embora a área estudada seja pequena, com 33,88 ha de extensão, sujeita a impactos diversos devido à sua localização na zona urbana do município, a elevada biodiversidade ainda existente nesta rara amostra remanescente das fisionomias campestres de Cerrado no estado de São Paulo fortalece sua relevância para a conservação do bioma e a recomendação de que seja categorizada como Estação Ecológica.
Downloads
Referências
ABREU, R.C.; DURIGAN, G. Changes in the plant community of a Brazilian grassland savannah after 22 years of invasion by Pinus elliottii Engelm. Plant Ecology & Diversity, v. 4, p. 269-278, 2011.
ALVARES, C.A. et al. Köppen’s climate classification map for Brazil. Meteorologische Zeitschrift, v. 22, n. 6, p. 711-728, 2013.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza: Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000; Decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002; Decreto nº 5.746, de 5 de abril de 2006. Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas: Decreto nº 5.758, de 13 de abril de 2006. Brasília, DF: MMA, 2011. 76 p.
______. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, v. 25, p. 1, 2012.
CARVALHO, G. Flora: tools for interacting with the Brazilian flora 2020. R package version 0.2.7.2006. Disponível em: http://www.github.com/gustavobio/flora>. Acesso em: 11 mar. 2016.
COUTINHO, L.M. Fire in the ecology of the Brazilian cerrado. In: GOLDAMMER, J.G. (Ed.). Fire in the tropical biota. Berlin: Springer Berlin Heidelberg, 1990. p. 82-105.
FLORA do Brasil 2020 em construção. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/>. Acesso em: 14 mar. 2016. DEPARTAMENTO DE ÁGUAS E ENERGIA ELÉTRICA DO ESTADO DE SÃO PAULO – DAEE. Disponível em: <http://www.daee.sp.gov.br/>. Acesso em: 11 mar. 2016.
DURIGAN, G. et al. Plantas do cerrado paulista –imagens de uma paisagem ameaçada. São Paulo: Páginas & Letras, 2004. 475 p.
______.; RATTER, J.A. Successional changes in cerrado and cerrado/forest ecotonal vegetation in western São Paulo State, Brazil, 1962-2000. Edinburgh Journal of Botany, v. 63,n. 1, p. 119-130, 2006.
GRIME, J. PHILIP. Plant strategies, vegetation processes, and ecosystem properties. Chichester: John Wiley & Sons, 2006. 419 p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Manual técnico da vegetação brasileira: sistema fitogeográfico, inventário das formações florestais e campestres, técnicas e manejo de coleções botânicas, procedimentos para mapeamentos. Rio de Janeiro: IBGE – Diretoria de Geociências, 2012. 271 p.
ISHARA, K.L. et al. Composição florística de remanescente de cerrado sensu stricto em Botucatu, SP. Revista Brasileira de Botânica, v. 31, n. 4,p. 575-586, 2008.
______.; MAIMONI-RODELLA, R.D.C.S. Pollination and dispersal systems in a Cerrado remnant (Brazilian Savanna) in Southeastern Brazil. Brazilian Archives of Biology and Technology,v. 54, n. 3, p. 629-642, 2011.
KLINK, C.A.; MACHADO, R.B. A conservação do Cerrado brasileiro. Megadiversidade, v. 1, p. 147-155, 2005.
KRONKA, F.J.N. et al. Inventário florestal da vegetação natural do Estado de São Paulo. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente, Instituto Florestal; Imprensa Oficial do Estado, 2005.
LIMA, A.B. Estrutura genética de populações de Stryphnodendron adstringens (Mart.) Coville (barbatimão). 2010. 53 f. Tese (Doutorado) –Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu, Botucatu.MAURIN, O. et al. Savanna fire and the origins of the ‘underground forests’ of Africa. New Phytologist, v. 204, p. 201-214, 2014.
EIRA-NETO, J.A.A.; MARTINS, F.R.; VALENTE, G.E. Composição florística e espectro biológico na Estação Ecológica de Santa Bárbara, Estado de São Paulo, Brasil. Revista Árvore, v. 31, p. 907-922, 2007.
MUNHOZ, C.B.R.; FELFILI, J.M. Florística do estrato herbáceo-subarbustivo de um campo limpo úmido em Brasília, Brasil. Biota Neotropica, v. 7, p. 205-215, 2007.
OVERBECK, G.E. et al. Brazil’s neglected biome: the South Brazilian Campos. Perspectives in Plant Ecology, Evolution and Systematics, v. 9, p. 101-116, 2007.
______. et al. Conservation in Brazil needs to include non‐forest ecosystems. Diversity and Distributions, v. 21, n. 12, p. 1455-1460, 2015.
PARR, C.L. et al Tropical grassy biomes:misunderstood, neglected, and under threat. Trends in Ecology & Evolution, v. 29, p. 205-213, 2014.
PIVELLO, V.R.; SHIDA, C.N.; MEIRELLES, S.T. Alien grasses in Brazilian savannas: a threat to the biodiversity. Biodiversity and Conservation, v. 8, p. 1281-1294, 1999.
R DEVELOPMENT CORE TEAM: R: a language and environment for statistical computing. Vienna: R Foundation for Statistical Computing, 2014. Disponível em: <http://www.R-project.org/>. Acesso em: 11 mar. 2016.
RIBEIRO, J.F.; WALTER, B.M.T. As principais fitofisionomias do Bioma Cerrado. In: SANO, S.M.; ALMEIDA, S.P.; RIBEIRO, J.F. (Org.). Cerrado: ecologia e flora. Planaltina: Embrapa Cerrados, 2008. p. 151-212.
ROSELON, V.; OLIVEIRA, D.A. de; BUENO, G.T. Vereda and Murundu wetlands and changes in Brazilian environmental laws: challenges to conservation. Wetlands Ecology and Management, v. 23, n. 2, p. 285-292, 2015.
SANO, E.E. et al. Land cover mapping of the tropical savana region in Brazil. Environmental Monitoring and Assessment, v. 166, p.13-124, 2009.
SANTOS, F.F.M.; MUNHOZ, C.B.R. Diversidade de espécies herbáceo-arbustivas e zonação florística em uma vereda no Distrito Federal. Heringeriana, v. 6, p. 21-27, 2012.
SÃO PAULO (Estado) Lei nº 13.550, de 02 de junho de 2009. Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa do Bioma Cerrado no Estado, e dá providências correlatas. Diário Oficial, Poder Executivo, v. 119, n. 102, 3 jun. 2009. Seção I, p. 1.
______.Secretaria de Meio Ambiente. Resolução SMA nº 057, de 05 de junho de 2016. Publica a segunda revisão da lista oficial das espécies da flora ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo. Diário Oficial do Estado de São Paulo, Poder Executivo, v. 126, n. 120, 30 jun. 2016. Seção I, p. 55-57.
SCHOLES, R.J.; ARCHER, S.R. Tree-grass interactions in savannas. Annual Review of Ecology and Systematics, v. 28, p. 517-544, 1997. SpeciesLINK. Sistema Distribuído de Informação. Disponível em: <http://splink.cria.org.br/>. Acesso em: 11 de mar. 2016.
SILBERBAUER-GOTTSBERGER, I.; MORAWETZ,W.; GOTTSBERGER, G. Frost damage of cerrado plants in Botucatu, Brazil, as related to the geographical distribution of the species. Biotropica, v. 9, p. 253-261, 1977.
SIMON, M.F. et al. Recent assembly of the cerrado, a neotropical plant diversity hotspot, by in situ evolution of adaptations to fire. Proceedings of the National Academy of Science, v. 106, p. 20359-20364, 2009.
______.; PENNINGTON, T. Evidence for adaptation to fire regimes in the tropical savannas of the Brazilian Cerrado. International Journal of Plant Sciences, v. 173, p. 711-723, 2012.
TANNUS, J.L.; ASSIS, M.A. Composição de espécies vasculares de campo sujo e campo úmido em área de cerrado, Itirapina–SP, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v. 27,p. 489-506, 2004.
VELDMAN, J.W. et al. Tyranny of trees in grassy biomes. Science, v. 347, p. 484-485, 2015a.
______. et al. Where tree planting and forest expansion are bad for biodiversity and ecosystem services. BioScience, v. 65, n. 10, p. 1011-1018, 2015b.
WALTER, B.M.T. et al. Fitofisionomias do Cerrado: classificação, métodos e amostragens fitossociológicas. In: EISENLOHR, P.V. et al. (Org.). Fitossociologia no Brasil: métodos e estudos de casos. Viçosa-MG: Editora UFV, 2015. v. II, p. 183-212.
WERF, G.R. van der et al. Global fire emissions and contributions of deforestation, savanna, forest, agriculture, and peat fires (1997-2000). Atmospheric Chemistry and Physics, v. 10, p. 11707-11735, 2010.
WHITTAKER, R.H. Evolution and measurement of species diversity. Taxon, v. 21, p. 213-251, 1972.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.