LEVANTAMENTO DA POPULAÇÃO DE MACACO-PREGO (Sapajus nigritus) E SUA DIETA NO PARQUE ESTADUAL DE ÁGUAS DA PRATA - SP

Resumo

O Parque Estadual de Águas da Prata (PEAP) - SP (50,43 hectares, 21°56'18''S e 46°42'54''W) abriga um grupo de macacos-prego (Sapajus nigritus) habituado aos turistas e comerciantes locais, que frequentemente consome alimento antrópico oferecido ou obtido nas lixeiras do parque. Esse trabalho visou elucidar a frequência dessas interações bem como a natureza dos itens alimentares oferecidos ou obtidos, caracterizar a população quanto ao número de indivíduos, organização social e estrutura sexual e etária, além de analisar como eles utilizam o espaço urbano. As observações foram realizadas na parte urbanizada do PEAP e nas trilhas no interior da Unidade de Conservação. Utilizou-se o método de varredura com registro instantâneo e mapeamento dos indivíduos visíveis, e observações focais para identificar cada indivíduo por sua morfologia, tamanho, marcas individuais e comportamento. Para a avaliação da dieta, utilizou-se o método de registro de todas as ocorrências de eventos alimentares combinado com coleta oportunística de fezes para análise. Foram realizadas 24 visitas ao campo e concluímos que há 26 indivíduos pertencentes a um único grupo frequentando a parte urbana do parque, predominantemente para descansar. Os itens alimentares mais consumidos foram banana (46,9%), amendoim (15,8%) e milho (6,5%), com uma média de 7,7 eventos de alimentação/hora. A análise de amostras fecais revelou a presença de artrópodes, fibras vegetais, sementes, madeira, samambaias, pelos de macaco-prego, cabelo humano e fragmento de rochas. Argumenta-se que a alimentação ofertada por visitantes pode ser danosa para os primatas humanos e não-humanos.