CAMPO SUJO ÚMIDO: FISIONOMIA DE CERRADO AMEAÇADA PELA CONTAMINAÇÃO DE Pinus elliottii Engelm. NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DE ITAPEVA, ESTADO DE SÃO PAULO
DOI:
https://doi.org/10.24278/2178-5031.2010221251Palavras-chave:
composição florística, invasão biológica, Pinus elliottiiResumo
A ameaça de perda da biodiversidade da fisionomia Campo Sujo Úmido, localizada na Estação Ecológica de Itapeva, devido à contaminação biológica causada pela invasão de Engelm., motivou a elaboração deste trabalho. Os objetivos foram caracterizar floristicamente essa fisionomia e quantificar a existência de na área, de modo a subsidiar propostas de manejo. Realizou-se o mapeamento da área ocupada por Campo Sujo Úmido na Estação através da interpretação de fotografias aéreas. O estudo florístico foi realizado através de coletas mensais de material botânico, no período de junho de 2008 a maio de 2009, posteriormente processado e depositado no herbário SPSF. Para a quantificação de , adotou-se o método de parcelas, utilizando-se 12 parcelas de 3 m x 15 m. Os indivíduos a partir de 15 cm de altura foram medidos e contados para o cálculo da densidade e frequência. A área de Campo Sujo Úmido representou 2,3% da área total da Estação. Foram encontradas 106 espécies. As famílias mais ricas foram Melastomataceae (11 espécies), Asteraceae (8), Cyperaceae e Poaceae (7), Myrtaceae e Rubiaceae (5), Fabaceae, Lauraceae e Myrsinaceae (4). A densidade absoluta de Pinus elliottii foi de 1.704 indivíduos.ha e a frequência absoluta, 92%. Portanto, Pinus elliottii apresentou duas propriedades que caracterizam espécies dominantes: grande número de indivíduos e ampla disseminação na área. A área relativamente pequena ocupada por Campo Sujo Úmido na Estação Ecológica, a elevada riqueza de espécies observada e o grau de contaminação biológica constatado nessa fisionomia, indicam a possibilidade de perda iminente de considerável parcela da biodiversidade da Unidade de Conservação. São propostas medidas de manejo para combater o problema.
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