ESTRUTURA DE CLAREIRAS DE ORIGEM ANTRÓPICA NA SERRA DA CANTAREIRA, SP, BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.24278/2178-5031.202032208Palavras-chave:
Regeneração natural, Sucessão secundária inicial, Componente arbustivo arbóreo, Distúrbio, Floresta Ombrófla Densa MontanaResumo
Na Serra da Cantareira, houve o corte da foresta para a instalação de torres de transmissão de energia elétrica, formando clareiras que variaram de 120 m2 a 286 m2 , totalizando 0,2 ha. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a estrutura do componente arbustivo-arbóreo nestas clareiras, analisando os componentes dos indivíduos originados por sementes e por brotação. Foram amostrados 1.732 indivíduos com altura superior a 1,30 m, pertencentes a 140 espécies e 44 famílias. Destes, 1.336 indivíduos (77,2%) e 83 espécies originaram-se por sementes, com Densidade de 6.680 ind./ha e Dominância de 6 m2 /ha; e 396 indivíduos (22,8%) e 78 espécies por brotação, com Densidade de 1.980 ind./ha e Dominância de 1,2 m2 /ha. Para os indivíduos originados por sementes, Croton macrobothrys, Piptocarpha macropoda, Trema micrantha, Solanum mauritianum e Sessea brasiliensis apresentaram os maiores Valores de Importância, e para aqueles originados por brotação, Cupania oblongifolia, Coffea arabica, Sessea brasiliensis, Croton foribundus e Guarea macrophylla. A similaridade forística entre os dois componentes foi baixa (15%), evidenciando a existência de dois conjuntos forísticos diferentes. Para os indivíduos que se estabeleceram por sementes predominaram espécies Pioneiras (72,6% das espécies, 77,7% dos indivíduos), diferindo dos indivíduos que se mantiveram por brotação, em que predominaram Secundárias iniciais e Umbróflas com 55,1% e 28,5% dos indivíduos e 49,4% e 22,1% das espécies, respectivamente, mostrando a substituição de espécies, famílias e grupos sucessionais predominantes em comparação com a foresta original.
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