CONSIDERAÇÕES SOBRE AS ALTERAÇÕES DE UM FRAGMENTO FLORESTAL ÀS MARGENS DE UMA REPRESA NO MUNICÍPIO DE GUAIÇARA, SP, A PARTIR DA ANÁLISE FLORÍSTICA E FITOSSOCIOLÓGICA
DOI:
https://doi.org/10.24278/2178-5031.2009212219Palabras clave:
vegetação ribeirinha, mata estacional, represa, Myracrodruon urundeuvaResumen
Nos processos de recomposição da vegetação às margens de rios, tem-se que considerar o tipo de ambiente determinado pelas diferentes capacidades de inundação ou encharcamento. Nas margens de represas, questiona-se se tais preocupações são as mesmas. O objetivo deste trabalho foi discutir, a partir da caracterização florística e de abundância da vegetação arbórea de um fragmento de mata estacional localizada às margens de uma represa inundada há 40 anos, se a mata, outrora distante do rio, tornou-se ciliar com a aproximação da água represada. O trabalho foi realizado em um fragmento de mata localizado às margens do córrego Canjarana, no município de Guaiçara, SP. Na vegetação arbórea, amostrada utilizando-se 54 parcelas de 100 m (10 m x 10 m), foram obtidos 752 indivíduos, pertencentes a 36 espécies, sendo que Myracrodruon urundeuva foi responsável por 56% da abundância total. Essa elevada inequabilidade, devido à grande densidade relativa daquela espécie, incomum em vegetação ciliar, permite interpretar a vegetação como uma mata estacional de interflúvio que não sofreu ação do encharcamento do solo, mas pode ter sofrido ação das atividades agrícolas de plantação de cana-de-açúcar ou pecuário do entorno. As características do solo amostrado no local corroboram a suposição de que não houve infiltração da água da represa através de um deslocamento lateral, mantendo a situação edáfica anterior. Desse modo, conclui-se que em processos de recomposição vegetal das margens da represa em áreas adjacentes ao fragmento estudado e com condições físicas semelhantes torna-se desnecessária a preocupação em se buscar espécies adaptadas aos ambientes ribeirinhos.
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