VARIAÇÃO LOCAL NA COMPOSIÇÃO DA COMUNIDADE DE AVES NO PARQUE ESTADUAL CARLOS BOTELHO, SÃO MIGUEL ARCANJO – SP E PROPOSTAS PARA O MONITORAMENTO DO IMPACTO DO ECOTURISMO
DOI:
https://doi.org/10.24278/2178-5031.2010222263Palavras-chave:
estrutura da vegetação, Mata Atlântica, Uso PúblicoResumo
Como todas as atividades humanas, o ecoturismo apresenta o potencial de impactar negativamente o meio ambiente, necessitando ser monitorado e manejado. As aves podem ser incluídas em protocolos de monitoramento desse impacto, porém devem ser considerados outros fatores que influenciam a composição das comunidades de aves antes de se propor tais protocolos. Dentre estes se destaca a influência da heterogeneidade estrutural da vegetação sobre a distribuição e a abundância das aves. Os objetivos deste trabalho foram: verificar como esse fator atua localmente numa área de Mata Atlântica sob uso público e propor um protocolo de monitoramento de impacto dessa atividade que utilize as aves como indicadores. A avifauna foi amostrada ao longo de duas trilhas, uma na qual o turismo é monitorado e outra sob o sistema autoguiado. A heterogeneidade estrutural ao longo dessas trilhas foi avaliada, e as duas comunidades de aves comparadas em relação à riqueza, composição de espécies, abundância relativa, diversidade e estrutura trófica. Foram utilizados os métodos de pontos de escuta e o de pontos-quadrantes. As trilhas diferiram significativamente na maioria dos parâmetros de estrutura da vegetação analisados e na composição de espécies de aves, mas não nos demais parâmetros considerados para a avifauna. Dezessete espécies apresentaram abundância relativa significativamente diferente entre as áreas e, destas, seis relacionadas a parâmetros estruturais da vegetação. Propõe-se a avaliação do impacto do uso público sobre a avifauna em cada uma das trilhas através do monitoramento da abundância relativa das espécies considerando possíveis alterações estruturais na vegetação local e o monitoramento de 15 espécies de fácil detecção e que não diferiram significativamente em abundância relativa entre as trilhas.
Downloads
Referências
ALEIXO, A. Effects of selective logging on a bird community in the Brazilian Atlantic Forest. Condor, v. 101, p. 537-548, 1999.
ANDRADE, W.J.; ROCHA, R.F. Manual de trilhas: um manual para gestores. IF Sér. Reg., n. 35, p. 1-74, 2008. A
NTUNES, A.Z. et al. Avaliação das informações disponíveis sobre a avifauna do Parque Estadual Carlos Botelho. Rev. Inst. Flor., v. 18, p. 103-120, 2006.
AYRES, M.M. et al. BioEstat 5.0 Aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas. Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá – IDSM/MCT/CNPq, 2008. Disponível em: . Acesso em: 9 abr. 2010.
BIBBY, C.J.; BURGESS, N.D.; HILL, D.A. Bird census techniques. Orlando: Academic Press, 1992. 257 p.
BLAKE, J.G. Neotropical forest bird communities: a comparison of species richness and composition at local and regional scales. Condor, v. 109, n.1, p. 237-255, 2007.
______.; LOISELLE, B.A. Bird assemblages in second-growth and old-growth forests, Costa Rica: perspectives from mist nets and point counts. Auk, v. 118, n. 2, p. 304-326, 2001.
BOJORGES-BANOS, J.C.; LÓPEZ-MATA, L. Asociación de la riqueza y diversidad de especies de aves y estructura de la vegetación en una selva mediana subperennifolia en el centro de Veracruz, México. Rev. Mexicana de Biodiversidad, v. 77, n. 235-249, 2006.
BORGES, S.H.; STOUFFER, P.C. Bird communities in two types of anthropogenic successional vegetation in central Amazonia. Condor, v. 101, p. 529-536, 1999.
COHN-HAFT, M.; WHITTAKER, A.; STOUFFER, P.C. A new look at the “species-poor” central Amazon: the avifauna north of Manaus, Brazil. Ornithological Monographs, v. 48, p. 205-235, 1997.
COLWELL, R.K. EstimateS: statistical estimation of species richness and shared species from samples. Version 8.2. Persistent URL. 2009. Disponível em: . Acesso em: 9 abr. 2010.
COMITÊ BRASILEIRO DE REGISTROS ORNITOLÓGICOS – CBRO. Listas das aves do Brasil. Versão 9/8/2009. Disponível em: . Acesso em: 9 abr. 2010. DAVENPORT, L. et al. Ferramentas de ecoturismo para parques. In: TERBORGH, J. et al. (Org.). Tornando os parques eficientes – estratégias para a conservação da natureza nos trópicos. Curitiba: Editora da UFPR: Fundação O Boticário, 2002. p. 305-333.
DEVELEY, P.F.; STOUFFER, P. Effects of roads on movements by understory birds in mixed species flocks in central Amazonian Brazil. Conservation Biology, v. 15, p. 1416-1422, 2001.
DE WALT, S.J.; MALIAKAL, S.K.; DENSLOW, J.S. Changes in vegetation structure and composition along a tropical forest chronosequence: implications for wildlife. Forest Ecology and Management, v. 182, p. 139-151, 2003.
DUIM, R. van der; CAALDERS, J. Biodiversity and tourism: impacts and interventions. Annals of Tourism Research, v. 29, n. 3, p. 743-761, 2002.
DURIGAN, G. Métodos para análise de vegetação arbórea. In: CULLEN Jr., L.; RUDRAN, R.; VALLADARES-PADUA, C. (Org.). Métodos de estudos em biologia da conservação & manejo da vida silvestre. Curitiba: Editora UFPR, 2003. p. 455-479.
FERNANDEZ-JURICIC, E. Local and regional effects of pedestrians on forest birds in a fragmented landscape. Condor, v. 102, n. 2, p. 247-255, 2000.
FERRAZ, L.P.M.; VARJABEDIAN, R. Evolução histórica da implantação e síntese das informações disponíveis sobre o Parque Estadual Carlos Botelho. São Paulo: SMA: CINP: IF: DRPE: PECB, 1999. 95 p.
GILL, J.A.; NORRIS, K.; SUTHERLAND, W.J. Why behavioral responses may not reflect the population consequences of human disturbance. Biological Conservation, v. 97, p. 265-268, 2001.
GUTZWILLER, K.J.; ANDERSON, S.H. Spatial extent of human-intrusion effects on subalpine bird distributions. Condor, v. 101, p. 378-389, 1999.
GUTZWILLER, K.J. et al. Effects of human intrusion on song occurrence and singing consistency in subalpine birds. Auk, v. 111, n. 1, p. 28-37, 1994.
______. et al. Does human intrusion alter the seasonal timing of avian song during breeding periods? Auk, v. 114, n. 1, p.55-65, 1997.
______. et al. Vertical distribution of breeding season birds: is human intrusion influential? Wilson Bulletin, v. 110, n. 4, p. 497-503, 1998a.
______. et al. Bird tolerance to human intrusion in Wyoming montane forests. Condor, v. 100, n. 5, p. 19-527, 1998b.
______.; RIFFELLB, S.K. Does repeated human intrusion alter use of wildland sites by red squirrels? Multiyear experimental evidence. Journal of Mammalogy, v. 89, n. 2, p. 374-380, 2008.
______.; RIFFELL, S.K.; ANDERSON, S.H. Repeated human intrusion and the potential for nest predation by gray jays. Journal of Wildlife Management, v. 66, n. 2, p. 372-380, 2002.
HEIL, L. et al. Avian responses to tourism in the biogeographically isolated high Córdoba Mountains, Argentina. Biodiversity and Conservation, v. 16, p. 1009-1026, 2007.
LAIOLO, P. Diversity and structure of the bird community overwintering in the Himalayan Sub alpine zone: is conservation compatible with tourism? Biological Conservation, v. 15, p. 251-262, 2003.
LI, W. et al. Tourism’s impacts on natural resources: a positive case from China. Environment Management, v. 38, p. 572-579, 2006.
MAGURRAN, A.E. Ecological diversity and its measurement. Princeton: Princeton University Press, 1988. 192 p.
MARTINS, F.R. Estrutura de uma Floresta Mesófila. 2. ed. Campinas: UNICAMP, 1993. 246 p.
MBAIWA, J.E. Enclave tourism and its socio economic impacts in the Okavango delta, Botswana. Tourism Management, v. 26, p. 157-172, 2003.
ROBINSON, S.K.; TERBORGH, J. Bird community dynamics along primary successional gradients of an Amazonian whitewater river. Ornithological Monographs, v.48, p. 641-672, 1997.
ROBINSON, W.D.; BRAWN, J.D.; ROBINSON, S.K. Forest bird community structure in central Panama: influence of spatial scale and biogeography. Ecological Monographs, v. 70, n. 2, p. 209-235, 2000.
SUN, D.; WALSH, D. Review of studies on environmental impacts of recreation and tourism in Australia. Journal of Environmental Management, v. 53, p. 323-328, 1998.
TERBORGH, J. et al. Structure and organization of an Amazonian forest bird community. Ecological Monographs, v. 60, n. 1, p. 213-238, 1990.
______.; DAVENPORT, L. Monitorando as áreas protegidas. In: TERBORGH, J. et al. (Org.). Tornando os parques eficientes – estratégias para a conservação da natureza nos trópicos. Curitiba: Editora da UFPR: Fundação O Boticário, 2002. p. 426-439.
THIOLLAY, J.M. Avian diversity and distribution in French Guiana: patterns across a large forest landscape. Journal of Tropical Ecology, v. 18. p. 471-498, 2002.
VELOSO, H.P.; RANGEL-FILHO, A.L.R.; LIMA, J.C.A. Classificação da vegetação brasileira adaptada a um sistema universal. Rio de Janeiro: Fundação IBGE, 1991.123 p.
VIELLIARD, J.M. Bird community as an indicator of biodiversity: results from quantitative surveys in Brazil. Anais Academia Brasileira de Ciências, v. 72, n. 3, p. 323-330, 2000.
WANG, Y.; CHEN, S.; DING, P. Flush distance: bird tolerance to human intrusion in Hangzhou. Zoological Research, v. 25, n. 3, p. 214-220, 2004.
WILLIS, E.O. The composition of avian communities in remanescent woodlots in southern Brazil. Papéis Avulsos de Zoologia, v. 33, n. 1, p. 1-25, 1979.