FLORA VASCULAR DA RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA BARRA DO UNA, PERUÍBE, SÃO PAULO, BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.24278/rif.2025.37e958Palavras-chave:
Vegetação de Restinga, Mata Atlântica, Barra do Una, Mosaico da JuréiaResumo
No Brasil, as restingas foram os primeiros ambientes a sofrer com a degradação ambiental no processo de colonização europeia, pois ao longo do litoral brasileiro foram instaladas as primeiras vilas no século XVI, assim como foi feita a exploração de recursos naturais, com destaque para o pau-brasil (Paubrasilia echinata), produto de exportação na época. Tais ocupações deram origem à maioria das cidades atualmente existentes na região costeira brasileira em detrimento das formações vegetais existentes, restinga e manguezal. A Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Barra do Una - RDSBU é uma Unidade de Conservação do grupo de Desenvolvimento Sustentável, criada pela Lei nº 14.982/2013, que estabeleceu o Mosaico de Unidades de Conservação Jureia-Itatins. Na RDSBU foram catalogadas 304 espécies, distribuídas em 235 gêneros de 95 famílias, sendo as mais ricas Fabaceae com 26 espécies, Asteraceae (25), Poaceae (14), Myrtaceae (12), Lamiaceae e Rubiaceae (10 espécies cada), Arecaceae (nove espécies), Euphorbiaceae, Malpighiaceae e Orchidaceae (oito espécies cada), Cyperaceae (sete espécies), Bromeliaceae, Malvaceae, Melastomataceae e Rutaceae (seis espécies cada). Dentre estas, foram identificadas 65 espécies exóticas introduzidas, muitas cultivadas pela população tradicional residente. Sete espécies constam em listas oficiais de espécies ameaçadas de extinção, como o palmito (Euterpe edulis), o cedro-rosa (Cedrela fissilis) e a caixeta (Tabebuia cassinoides), esta última na categoria em perigo de extinção (EN) para São Paulo. Os resultados obtidos incrementaram e organizaram os dados oriundos de estudos esparsos até então realizados na Barra do Una.
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